Coro e Orquestra Gulbenkian

Robert Schumann – «Das Paradies und die Peri», op.50 

Talvez por consequência da extrema valorização e génio intrínseco, sublinhe-se, da obra de Schumann no domínio do piano e do Lied, verifica-se uma efectiva secundarização, quando não desvalorização, de outros géneros como a Sinfonia, a música dramática ou coral sinfónica deste mesmo compositor. Neste último domínio, Schumann afirmou-se por uma notória vocação experimental, de que aliás dá já sinais na primeira das suas obras do género, a Oratória secular Das Paradis und die Peri Op.50 (1843). Nesta obra, privilegia, nomeadamente, a composição contínua, embora existam secções internas distintas, e investe também no enriquecimento melódico dos recitativos e do seu acompanhamento orquestral. Não é demais referir o facto de que se trata de um reportório pouco programado em salas de concerto, mas cuja importância é fundamental para o entendimento do génio de Schumann em particular, e do espírito romântico da época em geral.

O maestro John Nelson de oriundo dos E.U.A. é largamente apreciado pela sua versatilidade e alargado interesse em termos de reportórios, abarcando desde a música contemporânea à correcta integração estilística e historicamente informada da música barroca, passando necessariamente pela eloquência expressiva da música romântica de oitocentos. John Nelson fez a sua formação na Juilliard School, onde conquistou o prémio Irving Berlin em direcção musical, ocupou os cargos de Director Musical da Orquestra Indianapolis Symphony, do teatro de Ópera de St. Louis e do Festival de Música Caramoor em Nova York, acumulando ainda o cargo de maestro convidado principal da Orquestra Nacional de Lyon. Este músico dirigiu já algumas das mais importantes orquestras da cena internacional, como é o caso das Filarmónicas de Nova York e Los Angeles, a Orquestra de Filadélfia e as sinfónicas de Boston, Chicago, Cleveland, Pittsburgh e São Francisco. Na Europa contam-se a Sinfónica de Londres, a Royal Philharmonic, a Bournemouth Symphony, e ainda a Orquestra da Gewandhaus de Leipzig ou a Dresden Staatskappelle, entre outras. A sua visibilidade a nível internacional conheceu particular destaque com o facto de, em 1974, quando substituiu inesperadamente Rafael Kubelik em Les Troyens, de Berlioz, na Metropolitan Opera de Nova York.

Desde os anos 80 que John Nelson tem reservado uma particular atenção ao grande reportório coral-sinfónico, chegando a dirigir a Atlanta Symphony, após a morte do seu director Robert Shaw (um dos grandes nomes da direcção coral do século XX), no Requiem Alemão de Brahms, Missa Solemnis de Beethoven e Elias de Mendelssohn. O seu investimento neste género e a constatação da raridade da produção contemporânea no domínio da música sacra, levaram John Nelson a fundar Soli Deo Gloria, Inc., uma organização não lucrativa que promove a criação e divulgação de nova música coral-sinfónica. O Requiem de Christopher Rouse foi última obra apoiada pela instituição no quadro das comemorações do bicentenário de Berlioz, em 2003. Refira-se a propósito que John Nelson se comprometeu a dirigir algumas das principais obras de Schumann aquando da sua efeméride em 2006.

Programação:

28 de Abril, Quinta, 21h00
29 de Abril, Sexta, 19h00

Grande Auditório Gulbenkian

Coro Gulbenkian
Orquestra Gulbenkian

John Nelson Maestro

Solveig Kringelborn – Soprano
Marisa Figueira – Soprano
Marie-Nicole Lemieux – Contralto
Donald Litaker – Tenor
Marco Alves dos Santos – Tenor
Peter Lika – Baixo

Para mais informações, poderá consultar o Site Oficial da Fundação Calouste Gulbenkian em:

Fundação Calouste Gulbenkian

Fonte: Gulbenkian

Autor: Paulo Cardoso Ribeiro