FF – A música nasce
Fernando Fernandes está de volta depois do estrondoso sucesso em 2006. O seu novo disco é um hino à energia.
Após um breve ano de interregno o “menino Tomé” está de volta às lides musicais com um novo álbum feito à sua medida. A sua voz flui e expande-se ao longo de todas as faixas desde os registos mais contidos aos falsetes mais inusitados, dando claras mostras de habilidade e técnica que não param de melhorar (FF é aliás professor de canto numa escola privada em Lisboa).
Além disso, nas faixas 7 e 10, ainda tem a veleidade de nos premiar com o violino, também pela sua mão.
Quanto ao álbum em si, perde em comparação com o anterior no alinhamento: não há um fio condutor
A música nasce
Fernando Fernandes está de volta depois do estrondoso sucesso em 2006. O seu novo disco é um hino à energia.
Após um breve ano de interregno o “menino Tomé” está de volta às lides musicais com um novo álbum feito à sua medida. A sua voz flui e expande-se ao longo de todas as faixas desde os registos mais contidos aos falsetes mais inusitados, dando claras mostras de habilidade e técnica que não param de melhorar (FF é aliás professor de canto numa escola privada em Lisboa).
Além disso, nas faixas 7 e 10, ainda tem a veleidade de nos premiar com o violino, também pela sua mão.
Quanto ao álbum em si, perde em comparação com o anterior no alinhamento: não há um fio condutor claramente marcado nem uma história para contar. Este é um disco claramente mais fragmentado ao nível do discurso cronológico-narrativo. É também um disco mais denso e homogéneo no nível tímbrico e de ambiente. As faixas são todas elas alegres e enérgicas e mesmo as que se atrevem a passar pelo modo menor, não se quedam nele por muito tempo. A nostalgia decididamente não passou por aqui e é um disco de Verão.
A abrir “A música Nasce” é bem ritmada e com a companhia de Angélico Vieira. Uma ode à inspiração e à criação. Um pop suave com leves laivos de Hip.
Segue-se “E tudo é tão frágil”, a pérola do disco. Uma música mais intimista, dedicada à mãe de FF, sentimental e com garra nos falsetes. Claramente aquilo que se classificaria como uma Power Ballad.
“Será que não vês” é uma reprise do disco anterior. Já ouvimos isto antes. Este arranjo é um decalque de músicas antigas e reconhece-se claramente o pop de amor do ano passado.
“Não quero ver o fim” alinha pelo mesmo diapasão. “As letras do teu nome” idem, com a nuance de ser uma balada lenta. É a introdução para a viagem.
Viagem essa que acontece em “Eu só quero ser”. Esta música é a revelação do álbum. Os taiko drums dão um ar de etnicidade muito peculiar apoiados num piano numa progressão harmónica claramente invulgar em relação às músicas todas anteriores. O refrão volta a ser bastante vulgar e a música perde por isso, no entanto nos entremeios consegue ser bastante original e contagiante. A letra é também um grito ao eu, à liberdade individual e ao assumir a nossa identidade sem problemas.
“Mais um amanhecer” é a descolagem para uma balada ao estilo que já conhecemos de novo. Mais uma de cunho pessoal amoroso. “Eu sou o tempo que parou” é outra faixa meditativa em contemplação. Um brilho na realidade. “Vou vencer” é de novo uma música enérgica em crescendo. Começa lenta e arranca para um clímax de auto-motivação e superação de si mesmo.
“Flutuar” é uma pequena surpresa melódica no contrapé. Mesmo assim não suficientemente original para se destacar. A métrica no entanto merece destaque. “Sigo a voz p’ra ver” é outra power ballad para cantar o amor e a auto-confiança. “Mostra-me o céu” é mais uma oportunidade para os taiko drums se entrosarem com o piano. No entanto aqui a progressão harmónica é muito menos conseguida que na faixa 6. Esta fica despercebida. O disco encerra com “o sol do amanhã”, uma despedida festivaleira carregada em coros e com uma citação já ouvida algures, no falsete.
Um disco sem dúvida a merecer alguma atenção e bom para manter a moral em cima. Se repetido demasiadas vezes pode começar a perder efeito.
http://musicologo.blogspot.com
Autor: Tiago Videira
claramente marcado nem uma história para contar. Este é um disco claramente mais fragmentado ao nível do discurso cronológico-narrativo. É também um disco mais denso e homogéneo no nível tímbrico e de ambiente. As faixas são todas elas alegres e enérgicas e mesmo as que se atrevem a passar pelo modo menor, não se quedam nele por muito tempo. A nostalgia decididamente não passou por aqui e é um disco de Verão.
A abrir “A música Nasce” é bem ritmada e com a companhia de Angélico Vieira. Uma ode à inspiração e à criação. Um pop suave com leves laivos de Hip.
Segue-se “E tudo é tão frágil”, a pérola do disco. Uma música mais intimista, dedicada à mãe de FF, sentimental e com garra nos falsetes. Claramente aquilo que se classificaria como uma Power Ballad.
“Será que não vês” é uma reprise do disco anterior. Já ouvimos isto antes. Este arranjo é um decalque de músicas antigas e reconhece-se claramente o pop de amor do ano passado.
“Não quero ver o fim” alinha pelo mesmo diapasão. “As letras do teu nome” idem, com a nuance de ser uma balada lenta. É a introdução para a viagem.
Viagem essa que acontece em “Eu só quero ser”. Esta música é a revelação do álbum. Os taiko drums dão um ar de etnicidade muito peculiar apoiados num piano numa progressão harmónica claramente invulgar em relação às músicas todas anteriores. O refrão volta a ser bastante vulgar e a música perde por isso, no entanto nos entremeios consegue ser bastante original e contagiante. A letra é também um grito ao eu, à liberdade individual e ao assumir a nossa identidade sem problemas.
“Mais um amanhecer” é a descolagem para uma balada ao estilo que já conhecemos de novo. Mais uma de cunho pessoal amoroso. “Eu sou o tempo que parou” é outra faixa meditativa em contemplação. Um brilho na realidade. “Vou vencer” é de novo uma música enérgica em crescendo. Começa lenta e arranca para um clímax de auto-motivação e superação de si mesmo.
“Flutuar” é uma pequena surpresa melódica no contrapé. Mesmo assim não suficientemente original para se destacar. A métrica no entanto merece destaque. “Sigo a voz p’ra ver” é outra power ballad para cantar o amor e a auto-confiança. “Mostra-me o céu” é mais uma oportunidade para os taiko drums se entrosarem com o piano. No entanto aqui a progressão harmónica é muito menos conseguida que na faixa 6. Esta fica despercebida. O disco encerra com “o sol do amanhã”, uma despedida festivaleira carregada em coros e com uma citação já ouvida algures, no falsete.
Um disco sem dúvida a merecer alguma atenção e bom para manter a moral em cima. Se repetido demasiadas vezes pode começar a perder efeito.
http://musicologo.blogspot.com
Autor: Tiago Videira