JACK JOHNSON – SLEEP THROUGH THE STATIC
Isto num ponto de vista puramente prático: a guitarra acústica deu lugar a guitarras eléctricas e sintetizadores. Mas na ambiência perdemos as ilusões do passado. Há que saber deixar ir, há que saber perder.
Com o filho a crescer, com a recente separação de um casal amigo, o surfista viu-se embrenhado numa onda de melancolia que o acompanha ao longo de todo o registo discográfico.
Numa onda quase entediante, lânguida e pesarosa, as emoções sobem à flor da pele. Este é um disco para se ter atenção a subtilezas emocionais. Não é para se cantar o Hawai e a praia, é para cantar o interior de cada um de nós, a melodia da perda. E assim se explica este tom leve de noite já bem entrada, e luzes bem baixinhas.
Nessa perspectiva, “Angel” assenta como uma luva, para uma meditação antes de adormecer. O mesmo caminho para “Adrift”.
Se quisermos no entanto ter um cheirinho do “velho” Jack Johnson, poderemos olhar para a pérola do disco – “Hope”. Aqui, como o nome indica, a esperança traz um tom um pouco mais alegre à sorumbatia geral, numa batida um pouco mais ritmada e quase dançável.
Fica um regresso, numa nova fase de maturidade. O futuro dirá se este será o caminho a seguir, ou se a introspecção irá dar lugar de novo a uma fase de libertação.
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Autor: Tiago Videira