KHONNOR

HANDWRITING

Com apenas dezassete anos Connor Kirby-long lançou um álbum fragmentado no que melhor o espírito e a música electroacústica podem fazer.

Handwriting é daqueles álbuns que ouvimos e estranhamos. E queremos ouvir de novo. E de novo. Até entranharmos. Um álbum que se perde na memória. Não há refrões ou melodias fáceis que fiquem no ouvido. Cada vez que o escuto e acabo fico com a sensação que perdi algo, e assoma-me um vazio estranho que nada ouvi. Talvez seja este efeito amnésico que me leve a querer ouvi-lo de novo na esperança de agarrar algum fio condutor que me permita arquivar o som. Mas tal não acontece: fragmentos de chill out desesperados e melancólicos elevam o carácter e a nossa disposição até dias calmos em que apetece ficar em casa no sofá descontraídos sem pensar em nada.

Guitarras distorcidas, barulhos que ficam por identificar entrecortam letras complexas e mundos muito próprios. “Dusty” e “Kill2” atraem-me mais a atenção, mas provavelmente por mero acaso, porque neste álbum nada se destaca: é uma massa uniforme e constante, dentro dos contrastes que ele próprio constrói.

É assim o mundo visto aos dezassete anos. A roçar a genialidade.

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Autor: Tiago Videira