Light and Magic – Ladytron
A MAGIA DA NOVA POP
Uma das bandas com presença confirmada no próximo Fesival Sudoeste, os Ladytron são um interessante projecto britânico de pop electrónica. “Light and Magic”, o seu segundo disco, atesta a sua vitalidade.
Combinando elementos do electroclash, dream pop, new wave e spoken word, os britânicos Ladytron apresentaram, em “604”, um belo álbum de estreia, recuperando sonoridades dos anos 80 mas contextualizando-as no presente, evitando exercícios de nostalgia oportunista e gerando um refrescante e experimental disco pop.
Um ano depois, em 2003, o registo sucessor voltou a apostar em azimutes semelhantes, empreendendo mais uma viagem por atmosferas entre o festivo e o melancólico.
Embora mantenha os traços característicos da banda, “Light and Magic” aposta em domínios mais densos e frios, contendo canções mais clínicas e distantes do que as que compunham o primeiro álbum.
Os ambientes inocentes e encantatórios de temas como “Playgirl” ou “Discotraxx” já não se manifestam aqui com tanta frequência, pois “Light and Magic” intensifica as zonas de sombra e contém, por vezes, um carácter gélido que as suas canções agridoces não sugeriam antes.
Um dos maiores trunfos deste quarteto de Liverpool é o contraste das suas vocalistas, Helen Marnie e Mira Aroyo. A doçura e fragilidade da voz de Marnie encontra um apropriado contraponto nas intrigantes e soturnas vocalizações de Aroyo, originando bem conseguidos momentos em que estas posturas dissonantes se entrelaçam de forma eficaz.
Embora “Light and Magic” seja mais obscuro do que “604”, contém ainda alguns episódios descaradamente poppy, como o cativante “Blue Jeans”, o elíptico single “Seventeen” ou o hipnótico “The Reason Why”. Contudo, a maior parte do disco consiste em temas ásperos como o nebuloso “Black Plastic”, o robótico e enigmático “Cracked LDC”, o dançável “Flicking Your Swith” ou o muito catchy “Evil”.
Sendo uma contagiante proposta de pop electrónica com tanto de retro como de futurista, repleta de texturas envolventes – algures entre os Kraftwerk, Human League e Depeche Mode passando também pelos Zoot Woman, Le Tigre ou Bis -, “Light and Magic” fica, contudo, uns furos abaixo do álbum antecessor.
Apesar de conter canções interessantes, o disco é demasiado longo, e a espaços torna-se mesmo um pouco cansativo, sobretudo no último terço, excessivamnete esquemático e mecânico, menos inspirado do que a secção inicial. Nada que impeça, mesmo assim, que os Ladytron constem já entre as bandas mais promissoras da pop actual…
Autor: Gonçalo Sá