MÃO MORTA AMANHÃ NO COLISEU DE LISBOA
Onze anos depois, os Mão Morta voltam ao Coliseu dos Recreios amanhã (dia 29 de Abril), para apresentar o novo álbum, «Pesadelo em Peluche» (editado dia 19 de Abril pela Universal Music), que tem como single «Novelos da Paixão», e entrou directamente para 3.º lugar do Top Nacional da AFP.
Tratando-se de um espectáculo especial, com um cenário pensado para a ocasião, o grupo vai contar com a presença de Fernando Ribeiro em palco para interpretar o tema «Como um Vampiro», onde o vocalista dos Moonspell faz um dueto com Adolfo Luxúria Canibal.
No esperado regresso ao rock e às canções curtas e directas, depois da experiência criativa com «Os Cantos de Maldoror», o novo álbum dos Mão Morta foi já considerado como “um dos melhores discos de toda a sua obra”, numa altura em que o grupo comemora 25 anos de carreira.
Depois de terem revisitado o universo de Heiner Müller ou do Conde de Lautréamont, «Pesadelo em Peluche» tem como ponto de partida «The Atrocity Exhibition (A Feira de Atrocidades)», de J. G. Ballard.
Como explica Adolfo Luxúria Canibal: “«Pesadelo Em Peluche» teve como ponto de partida o livro «The Atrocity Exhibition (A Feira de Atrocidades)», de J. G. Ballard, e a questão aí levantada da nova percepção do real que o panorama mediático e cultural instituído pela moderna comunicação de massas induz no indivíduo. É sobejamente conhecida a anedota do miúdo urbano que se espanta ante a visão de uma galinha viva porque só a figurava depenada e dependurada nos talhos e nos supermercados. Da mesma forma, com o devido reajuste de escala, que traços de personalidade são sulcados no sujeito diariamente exposto às imagens choque de guerras, acidentes, crimes ou catástrofes naturais que enchem os noticiários televisivos, aos paradigmas produzidos pela publicidade na permanente exaltação de objectos quotidianos como o champô, o automóvel, os destinos de férias ou os gadgets tecnológicos, aos mexericos emocionais da vida privada de vedetas televisivas e demais figuras públicas constantemente expostos nas capas das revistas e nos escaparates dos quiosques, aos infindáveis cenários de auto-estradas, engarrafamentos, viadutos, aeroportos e vastos bairros uniformes que lhe marginam as jornadas casa trabalho? Essa matéria visual da cultura mediática e os novos desejos e padrões psíquicos que fomenta constituem o cerne das histórias contidas nas canções e também a premissa para a sua composição, desenvolvida a partir de algumas das matrizes que os últimos 30 anos da história do rock fixaram. Assim, os riffs ou as batidas à maneira de servem para enquadrar narrativas psicóticas onde a pulsão sexual é alimentada por estranhos fetiches e a morte não passa de uma ficção conceptual carregada de encantos obscenos. Como se, perdido o equilíbrio genésico, a vida se transmutasse num perturbante pesadelo de desconcerto numa mente entorpecida pelo peluche do conforto”
Notícia: Joana Brandão
Autor: inside