Panda Bear esgotado

No Teatro Maria Matos

O norte-americado sedeado em Lisboa esgotou o concerto de Lisboa no dia seguinte ao lançamento do seu novo disco, Panda Bear Meets The Grim Reaper.

Mais de quatro anos depois de Tomboy e de um mergulho num atraente minimalismo sombrio, Panda Bear editou nos primeiros dias deste ano um novo álbum, Panda Bear Meets The Grim Reaper, que recupera alguma das cores e alegrias de Person Pitch — a sua obra mais consensual, já de 2007.

De volta estão canções pop que nos enchem de sol, de uma espécie de otimismo irracional refratado por um prisma caleidoscópico de formas irrequietas e vozes circulares. Como sempre, um domínio soberbo da arte psicadélica contemporânea, tantas vezes copiado mas nunca igualado. Porque, no lugar de copiloto desta viagem, está uma vez mais quem domina exemplarmente o assunto: Pete Kember — também Spectrum ou Sonic Boom — volta a ser um dos produtores da música de Panda Bear, criando o milagre de assimilar todos os ventos que uivam na cabeça de Noah Lennox.

Ao vivo, imbuído em imagens projetadas que nos engolem, Panda Bear encarna um feiticeiro que transforma eletricidade e eletrónica numa dança de cores que se fundem com o seu corpo — espreitem o vídeo oficial para a canção Boys Latin, na qual uma animação nos explica essa metamorfose carnal que nasce desta música que nos contagia como um vírus.

Autor: pires