SÉRGIO GODINHO – CONCERTOS NO PORTO E LISBOA
A frase era de Sérgio Godinho e dirigia os presentes para o que viriam a assistir – a partir de uma canção composta em 1974 e publicada nesse mesmo ano no álbum “À Queima Roupa”, o “escritor de canções” revia, em 2014, através do seu repertório, os quarenta anos do Portugal democrático.
Por entre releituras e reproduções, Sérgio Godinho aborda a quase totalidade da sua vasta discografia tendo como ponto de partida a liberdade em sentido lato ou, se quisermos, as diversas liberdades, em sentido particular – “Já Joguei Ao Boxe”, “Fotos do Fogo”, “Maçã Com Bicho”, “Que Força É Essa” ou “O Acesso Bloqueado” são, entre outras, canções presentes – mas há ainda espaço para a novidade, para os inéditos, e “Tem O Seu Preço” sobe ao palco; ou ainda para a descoberta de “Na Rua António Maria”, tema de Zeca Afonso nunca publicado e que Sérgio Godinho traz a “Liberdade”, literalmente, de memória.
“Liberdade” percorre então o país – um dos versos emblemáticos de Sérgio Godinho, este de “Maré Alta”, passa a ser recorrente, “A Liberdade vai passar por aqui…”: nos teatros nacionais – Theatro Circo, Louletano, Viriato, Aveirense, entre outros; em algumas festas populares – em Setúbal, para as comemorações do 25 de abril; ou na Festas de São João, em Évora; ou até em festivais de Verão – inolvidável a participação no Festival Bons Sons que, passado o susto da aparatosa queda de palco sofrida, motivaria por entre a consternação e a alegria um “o palco foi pequeno para tanto Sérgio Godinho”.
E a “Liberdade” passou, e cresceu, e justificou uma gravação ao vivo que chegará às lojas no próximo dia 27 de Outubro. E estimulou uma passagem pelo Porto no dia 1 de Novembro, para mais em jeito de celebração, num regresso ao Rivoli, sala que não visitava há dezena e meia de anos desde a criação conjunta com os Clã, o espectáculo “Afinidades”, e em que, dois anos, antes gravou “meio” disco, o “Rivolitz”.
E obrigou à sua reposição em Lisboa, desta feita no Coliseu dos Recreios, no dia 22, palco de inúmeros momentos altos da sua carreira e que seguramente receberá a liberdade, a “Liberdade” de Sérgio Godinho, com o entusiasmo merecido.
E recorrendo uma vez mais ao texto que acompanhou a estreia de “Liberdade” – “desde a música empenhada, bandeira de causas e consciência social, ao diário íntimo e plural, uma visão de nós próprios a partir do trabalho de um dos mais importantes criadores de imaginário destas últimas quatro décadas.”
“Liberdade” – Actual! Fundamental!
Autor: Pires