TROVANTE NO ROCK IN RIO
MEMÓRIAS DE UMA VIDA
Os Trovante aceitaram o convite da organização do Rock In Rio Lisboa e actuaram no 2º dia do festival, num concerto marcado por recordações, saudades, memórias e emoções. Regresso? Talvez.
“Fizeram Dias Assim” como este 2º dia de Rock In Rio Lisboa. Dias em que foi possível voltar a reviver, em pleno, as músicas de uma das bandas com mais sucesso em Portugal nas décadas de 70, 80 e 90. A subida ao Palco Mundo era esperada por mais de 40 mil pessoas que queriam assistir e reviver músicas de outros tempos e de um outro Portugal. Um outro Portugal que Luís Represas talvez identifique ao interpretar “Timor”, tema já tocado em encore, mas que Luís Represas referiru que “esta canção poderia chamar-se Portugal”.
Foi num “palco de solidariedade e de compromisso social”, como referiu o músico português, no início da actuação, que os Trovante reavivaram a memória dos portugueses com temas que fizeram o sucesso da banda portuguesa.
No recinto, a expectativa para assistir a uma das raras actuações dos Trovante desde que o grupo se separou, em 1991, era mais do que expressiva. Quando os 7 elementos entraram em palco a cumplicidade entre os membros da banda estava bem espelhada, principalmente, entre João Gil e Luís Represas.
A passagem pelas memórias dos Trovante teve início com “Xácara das Bruxas”, seguindo-se “Namoro II” e “Travessa dos Poços Negros”. Ao assistirmos à interpretação destes três primeiros temas talvez nos leve a pensar que, em outros tempos, a música tinha outro sabor e, quem sabe, outro significado. Ou talvez as emoções trazidas pelos registos dos Trovante sejam marcadas pela altura pós -25 de Abril. Mas a saudade de “velhos tempos” era mais que evidente.”Que bom estar a reviver tudo isto novamente”, disse Luís Represas, acrescentanto, num tom emotivo, que “parecia ter sido ontem a última actuação da banda”. Será por isso que João Gil, antes do concerto, colocou a possibilidade do grupo voltar a juntar-se? De certo, muitos portugueses gostariam de assistir a este regresso.
A linha de actuação continuou marcada pela passagem pelos grandes sucessos dos Trovante, nomeadamente, por “Memórias de um beijo”, tema que Luís referiu ser “comum a todos os nós. Comum, porque todos nós temos memórias de muitos beijos”. Esta interpretação mereceu um dos momentos mais altos da actuação dos Trovante neste Palco Mundo da cidade do Rock. E assim continuou a interpretação com João Gil e Luís Represas sentados no Palco Mundo a reviver as memórias que, apesar de passadas, pareceram tão presentes nesta 2ª noite de festival.
“Saudade”, “Perdidamente” e “125 Azul” trouxeram o público ao refrão garantindo que as letras ainda estão bem decoradas.
Já em encore, e com o público a cantar “Timor” e a pedir o regresso ao palco, os Trovante voltaram ao Palco Mundo e, antes da interpretação de “Timor”, Luís Represas não deixou de fazer alusão ao significado do Festival Rock In Rio, referindo que o Rock In Rio “é um festival de solidariedade que se preocupa com o mundo e com as pessoas”. Talvez por isso, o tema “Timor” tenha sido guardado para este encore tão esperado dado que “as canções não têm fronteiras”, como referiu Luís Represas.
Depois de aplaudidos e recordados por um público atento e carinhoso, os Trovante terminaram a actuação no Palco Mundo, com “Prima da Chula”, e quem sabe se a banda formada em 1976, por Luís Represas, João Gil, João Nuno Represas, Manuel Faria e Artur Costa, não regressa aos tempos antigos. Ficamos à espera.
ALINHAMENTO:
XÁCARA DAS BRUXAS
NAMORO II
TRAVESSA DOS POÇOS NEGROS
COMBÓIO
NOITES DE VERÃO
MEMÓRIAS DE UM BEIJO
UM CASO MAIS
PERDIDAMENTE
BALADA DAS 7 SAIAS
FIZERAM DIAS ASSIM
SAUDADE
125 AZUL
ENCORE:
TIMOR
PRIMA DA CHULA
FOTOS: Carlos Pratas
Autor: Marisa Dias Antunes