Vamos Cantar Zeca Afonso

“Quanto mais se ouvem as canções de José Afonso, mais se torna perceptível a genialidade e a intemporalidade do seu universo musical e poético.
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Durante anos, tive o privilégio de partilhar esse mundo de sons e ideias, cantando a seu lado em Portugal e no estrangeiro. Essa experiência deu-me o ensejo de verificar como nasciam as suas canções e se transformavam em emocionantes momentos de partilha para milhares de pessoas, desde os convívios universitários até aos meios populares. As suas canções surgiam com uma espontânea naturalidade que, frequentemente, induzia os ouvintes em erro, dando-lhes a ilusão de que eram coisas simples que qualquer um seria capaz de inventar. Nada mais erróneo, Zeca Afonso foi único por ser inimitável e irrepetível e por deixar as portas abertas para todas as leituras e releituras da sua obra, para todas as interpretações e versões.

Por isso ouvi com tanto agrado João Balula Cid e Victor Almeida e Sousa, num espectáculo no qual optam pela simplicidade, o que constitui a melhor das homenagens a Zeca Afonso, lembrando mesmo o tempo em que ele se acompanhava à viola, logrando alcançar uma eficácia invulgar no processo de comunicação com o público.
Neste modelo de espectáculo, contamos com uma voz magnífica, com um timbre e uma extensão que nos fazem lembrar o autor de “Cantigas do Maio” no seu melhor, e um piano soberbamente tocado por um grande músico português. Nem num nem no outro caso a técnica depurada se sobrepõe ou traia pureza original de temas que já pertencem à nossa memória colectiva e ao nosso melhor património cultural.
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Há momentos neste espectáculo em que, quem conheceu de perto a vida e a obra de José Afonso, não consegue disfarçar a comoção e a saudade. E essa é, talvez, uma das melhores homenagens que podem ser prestadas a este trovador andarilho da nossa liberdade e das nossas quimeras. Revisitemos o melhor de Zeca Afonso através desta proposta que nos convida para uma viagem de admiração e sempre renovado afecto até ao melhor da nossa memória musical, tão viva e tão próxima que a sentimos e saboreamos como se fizesse parte de nós e fosse uma parte da nossa própria respiração.”

José Jorge Letria

Os preços dos bilhetes variam entre os 5 e os 10 euros.

Fonte: Centro Cultural Olga Cadaval
Imagem: Centro Cultural Olga Cadaval

Autor: Patrícia Santos Viegas