ARRIGO BARNABÉ

CLARA CROCODILO

Arrigo Barnabé lançou Clara Crocodilo em 1980. Um LP diferente de tudo e todos. Um projecto arrojado.

Dono de uma cultura e formação erudita, Arrigo sonhava fundir os mundos. E foi isso que fez. Um álbum de Música Popular Brasileira composta com técnicas seriais, dodecafónicas e atonais, em voga na altura na música contemporânea.

Foi talvez das coisas mais originais que se fizeram até hoje. Um momento de ruptura pós-modernista, na sequência do movimento Tropicalista Brasileiro.

Vaticinava Arrigo que a música nunca mais seria a mesma e que o atonalismo e o serialismo estariam destinados a entrar para a linguagem popular e dela fazerem parte de forma natural, tal como os outros elementos.

Enganou-se. Hoje, 27 anos depois, a música étnica fundiu-se como o Pop. A electrónica fundiu-se como o pop. Mas a música erudita atonal continua a oferecer grande resistência.

Fica então o registo, para quem quiser procurar e talvez tornar a ousar e pegar onde Arrigo deixou. Clara crocodilo, desde citações do Florestan de Schummann, ao Gesang der Jünglinge de Stockhausen, a devaneios de Shoenberg vale tudo. Só não vale fazer música “normal”.

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Autor: Tiago Videira