Pedro Abrunhosa – Luz
LUZ
Pedro Abrunhosa está de volta trazendo consigo um raio de luz. Um disco essencialmente dicotómico e panorâmico.
Pedro é um daqueles personagens essencialmente polémicos. Foi um menino rebelde e erudito, um intervencionista no início de carreira. Hoje, já com nome na praça lança-se à vida encarnando dois personagens: o alter ego matrix detestável e político, a personagem aguerrida que atira funk e jazz pelos poros e palavras à velocidade da luz. Um Homem para o show, uma máquina de marketing de considerável sucesso. Um fracasso em termos de impressão estética subjectiva.
A dicotomia completa-se no verdadeiro Pedro: o baladeiro. Aquele ser sensível que timidamente escutávamos numa faixa escondida em “Tempo”, que retornou várias vezes em “Momento”, aqui neste trabalho assume a sua vertente em metade dos temas. E que bem resultam! Um caminho intimista e maduro: o piano, o sussurro, a intervenção social poética. Este é o Pedro que faz falta e que nós gostamos.
LUZ
Pedro Abrunhosa está de volta trazendo consigo um raio de luz. Um disco essencialmente dicotómico e panorâmico.
Pedro é um daqueles personagens essencialmente polémicos. Foi um menino rebelde e erudito, um intervencionista no início de carreira. Hoje, já com nome na praça lança-se à vida encarnando dois personagens: o alter ego matrix detestável e político, a personagem aguerrida que atira funk e jazz pelos poros e palavras à velocidade da luz. Um Homem para o show, uma máquina de marketing de considerável sucesso. Um fracasso em termos de impressão estética subjectiva.
A dicotomia completa-se no verdadeiro Pedro: o baladeiro. Aquele ser sensível que timidamente escutávamos numa faixa escondida em “Tempo”, que retornou várias vezes em “Momento”, aqui neste trabalho assume a sua vertente em metade dos temas. E que bem resultam! Um caminho intimista e maduro: o piano, o sussurro, a intervenção social poética. Este é o Pedro que faz falta e que nós gostamos.
Quanto ao trabalho em si, abre-se com duas faixas a matar. “Tenho uma arma” e a “Dor do dinheiro” são duas músicas em que o elemento matrix é claramente dominante e a personagem rebelde e asquerosa nos polvilha com mais do seu visco. Adrenalina e hormonas aos pulos, algo perfeitamente dispensável.
Segue-se o prato principal servido com duas belas refeições de carne: “Ilumina-me” e “Balada de Gisberta”. Duas canções de rara beleza harmónica e melódica a contarem retratos do Porto. O último, em particular, um retrato doloroso em homenagem à Transexual assassinada barbaramente há mais de um ano. Um belo requiem.
“Dealer e Dilema” segue-se sem nos trazer nada de novo. Mais um funk-jazz para entreter o tempo e preencher segundos.
“É sempre tarde demais”, “Quem me leva os meus fantasmas” e “A cada não que dizes” seguem-se no alinhamento e voltamos ao registo íntimo de Pedro. São os pratos de peixe. Um pouco mais leves e desabrigados que as duas baladas de porte, são coisas agradáveis de se seguir, mas já vimos melhor por aí. Ainda assim ficam aprovadas pelo ouvido.
“O Dia depois de Hoje” é ainda uma balada que serve aqui de ponte para “Lobo entre nós”, a faixa pivot do disco, que serve de intermédio entre um relaxamento quase catártico e um final em crescendo numa eferverescência sublimada.
Acabamos com duas sobremesas: “Pontes entre nós” e “Luz”. Duas faixas quase puramente instrumentais (uma delas integral) em que as palavras já não fazem sentido. São pura música esculpida do silêncio (como Pedro tão bem gosta de metaforar) com laivos trazidos das terras gélidas dos Sigur Rós.
Um trabalho para escutar com atenção três vezes seguidas. Percebemos claramente os dois personagens à luta um contra o outro e o Pedro, o genuíno, a ganhar aos pontos ao Pedro Matrix, produto de marketing datado e fora de prazo. A ter em atenção principalmente para fãs.
http://musicologo.blogspot.com
Autor: Tiago Videira
Quanto ao trabalho em si, abre-se com duas faixas a matar. “Tenho uma arma” e a “Dor do dinheiro” são duas músicas em que o elemento matrix é claramente dominante e a personagem rebelde e asquerosa nos polvilha com mais do seu visco. Adrenalina e hormonas aos pulos, algo perfeitamente dispensável.
Segue-se o prato principal servido com duas belas refeições de carne: “Ilumina-me” e “Balada de Gisberta”. Duas canções de rara beleza harmónica e melódica a contarem retratos do Porto. O último, em particular, um retrato doloroso em homenagem à Transexual assassinada barbaramente há mais de um ano. Um belo requiem.
“Dealer e Dilema” segue-se sem nos trazer nada de novo. Mais um funk-jazz para entreter o tempo e preencher segundos.
“É sempre tarde demais”, “Quem me leva os meus fantasmas” e “A cada não que dizes” seguem-se no alinhamento e voltamos ao registo íntimo de Pedro. São os pratos de peixe. Um pouco mais leves e desabrigados que as duas baladas de porte, são coisas agradáveis de se seguir, mas já vimos melhor por aí. Ainda assim ficam aprovadas pelo ouvido.
“O Dia depois de Hoje” é ainda uma balada que serve aqui de ponte para “Lobo entre nós”, a faixa pivot do disco, que serve de intermédio entre um relaxamento quase catártico e um final em crescendo numa eferverescência sublimada.
Acabamos com duas sobremesas: “Pontes entre nós” e “Luz”. Duas faixas quase puramente instrumentais (uma delas integral) em que as palavras já não fazem sentido. São pura música esculpida do silêncio (como Pedro tão bem gosta de metaforar) com laivos trazidos das terras gélidas dos Sigur Rós.
Um trabalho para escutar com atenção três vezes seguidas. Percebemos claramente os dois personagens à luta um contra o outro e o Pedro, o genuíno, a ganhar aos pontos ao Pedro Matrix, produto de marketing datado e fora de prazo. A ter em atenção principalmente para fãs.
http://musicologo.blogspot.com
Autor: Tiago Videira