Boss AC – “Carta para o Pai Natal»

Carta para o Pai Natal

Olá Pai Natal

É a primeira vez que escrevo para ti

Venho de Lisboa e o pessoal chama-me AC

Desculpa o atrevimento mas tenho alguns pedidos

Espero que não fiquem nalguma prateleira esquecidos

Como nunca te pedi nada

Peço tudo duma vez e fica a conversa despachada

Talvez aches os pedidos meio extravagantes

Queria que pusésses juízo na cabeça destes governantes

Tira-lhes as armas e a vontade da guerra

É que se não acabamos a pedir-te uma nova Terra

Ao sem-abrigo indigente , dá-lhe uma vida decente

E arranja-lhe trabalho em vez de mais uma sopa quente

E ao pobre coitado , e ao desempregado

Arranja-lhe um emprego em que ele não seja explorado

E ao soldado , manda-o de volta para junto da mulher

Acredita que é isso que ele quer

Vai ver África de perto, não vejas pelos jormais

Dá de comer ás crianças ergue escolas e hospitais

Cura as doenças e distribui vacinas

Dá carrinhos aos meninos e bonecas ás meninas

E dá-lhes paz e da alegria

Ao idoso sózinho em casa , arranja-lhe companhia

Já sei que só ofereces aos meninos bem comportados

Mas alguns portam-se mal e dás condomínios fechados

Jactos privados, carros topo de gama importados

Grandes ordenados, apagas pecados a culpados

Desculpa o pouco entusiasmo, não me leves a mal

Não percebo como é que isto se tornou um feriado comercial

Parece que é desculpa para um ano de costas voltadas

E a única coisa que interessa é se as prendas estão compradas

E quando passa o Natal, dás á sola?

Há quem diga que tu não existes, quem te inventou foi a Coca-Cola

Não te preocupes, que eu não digo a ninguém

Se és Pai Natal é porque és pai de alguém

Para mim Natal é a qualquer hora, basta querer

Gosto de dar e não preciso de pretextos para oferecer

E já agora para acabar , sem querer abusar

Dá-nos Paz e Amor e nem é preciso embrulhar

Muita Felicidade , saúde acima de tudo

Se puderes dá-nos boas notas com pouco estudo

Desculpa o incómodo e continua com as tuas prendas

Feliz Natal para ti e já agora baixa as rendas

Escrito entre as 19 e as 21:30 do dia 24 de Dezembro de 2004

Autor: Paulo Cardoso Ribeiro