Camané – Infinito Presente

Música na Culturgest

“Talvez Infinito Presente não seja, como Camané diz, o mais negro dos seus discos (…); mas é o álbum mais inteiro de Camané,aquele em que o fadista mostra toda a gama dos seus recursos. (…) Infinito Presente é a história toda de Camané,
do que ele sentiu lá dentro e do que ele viu cá fora.” João Bonifácio, Ípsilon, crítica 5 estrelas a Infinito Presente, 01.05.2015
Voz Camané Guitarra portuguesa José Manuel Neto Viola Carlos Manuel Proença Contrabaixo Paulo Paz
Não há intérprete mais unanimemente considerado no fado atual do que Camané. Ele continua a afirmar-se como uma voz única na arte de cantar o fado, como um dos fadistas mais aclamados e mais admirados em Portugal e no estrangeiro.
Este concerto tem como base o seu último álbum, Infinito Presente, recebido com entusiasmo pelo público e pela crítica. E que Camané apresenta com a mesma humildade de há 20 anos, quando gravou Uma Noite de Fados.
Numa voz que vai à frente a largar as palavras, a deixá-las pousar no sítio certo, procura, através da repetição, os momentos únicos, aqueles em que o fado acontece, com uma preocupação extrema com as nuances da interpretação. Camané respira autenticidade e facilmente se transcende: saem-lhe lágrimas da garganta quando fala de tristeza e desenha-se uma nuvem de rancor quando fala de ciúme.
O trabalho com José Mário Branco, produtor desde o primeiro álbum que o fadista gravou em idade adulta, parte exatamente da busca de uma certa pureza. José Mário Branco defende uma simplicidade nos adornos, para que não se perca a essência do fado que, segundo o seu conceito, é a voz e a palavra.
A voz de Camané, tão singular quanto extraordinária, imediatamente reconhecível e inconfundível, e também, ou sobretudo, a sua capacidade de transmitir verdade a cada palavra que lhe sai da boca, e de a cantar com expressividade contida, explicará o reconhecimento e o lugar conquistado por Camané. Ele sabe dar uma dimensão maior que a imaginada às palavras que interpreta.
Emoção. Tradição enriquecida com a dose certa de risco. Versatilidade. Tudo isto faz parte da personalidade artística de Camané. E tudo isto se conjuga num espetáculo que celebra Infinito Presente: “A passagem do tempo, o tempo que é memória, o tempo em que vivemos”, como ele diz.

Colaborador : Ilda Pires