CICLO DE BLUES NA CULTURGESTE

COMISSARIADO POR RUBEN DE CARVALHO

De novo os blues nos auditórios da Culturgest, nesta edição com a presença de uma das bases da música afro-americana: as grandes vozes femininas.

É habitual procurar referências e comparações e Ruthie Foster que, com um sólido acompanhamento musical, estará no Grande Auditório. Tem sido comparada a Ella Fitzgerald e Aretha Franklin. Também com ela, de facto, se verificou o caminho que leva intérpretes femininas a evoluírem do gospel de infância e juventude para estilos, profanos, em que se misturam os blues e o music hall marcadamente urbano.Ruthie Foster tem mantido, ao longo da sua carreira, contudo, constantes ligações a essas raízes, mas a variedade dos prémios – foi nomeada, em 2012, para um Grammy na categoria Best Blues Album – que a balizam garantem um invulgar espetáculo.Também no Grande Auditório completar-se-á o retrato iniciado o ano passado dessa apaixonante expressão de virtuosismo que é reconhecidamente o boogie woogie – mas levando-a à mais rica das suas memórias. O inquestionável must do boogie continua a residir no duo de pianistas afro-americanos, os já desaparecidos Albert Ammons e Pete Johnson, um caso muito especial da soma de virtuosismos em instrumentos idênticos num estilo que tem no seu eixo, exatamente – o individual virtuosismo! É esta memória que os seus incontestados herdeiros, Axel Zwingenberger e Ecco Rijken Rapp, nos trarão.E, finalmente, um novo passo no percurso nos blues de intérpretes e criadores portugueses, brilhantemente aberto pelo saudoso Bernardo Sassetti, em 2010: um interessantíssimo grupo de Lisboa, viajante da herança popular americana das primeiras décadas de Novecentos, os Soaked Lamb.

Autor: pires