Divine Comedy
“Fin de Siècle”
CD, Sony Music, 1998
Neil Hannon é, indubitavelmente, um dos grandes génios musicais contemporâneos. Através dos Divine Comedy…
Divine Comedy “Fin de Siècle” (CD, Sony Music, 1998)
…projecto do qual é mentor, compositor, vocalista e guitarrista, Hannon atinge o seu apogeu musical ao quinto álbum, “Fin de Siècle”. A genialidade dos Divine Comedy reside na sua capacidade única de combinar o formato de canção pop, com o tom épico das grandes orquestras, sem ignorar o desenvolvimento das novas tecnologias ao serviço da música (samplers e programação). O resultado final é, neste “Fin de Siècle”, uma dúzia de canções pop brilhantemente construídas, desde o conteúdo lírico, à capacidade de construir melodias. Todos estes requisitos estão condensados num álbum que se poderia classificar, sem grande margem de erro, de obra-prima.
O fio condutor que nos guia nesta viagem alucinante pelo imaginário de Hannon é o final do século, conjugado com o virar do milénio, e todas as, como Tricky as classificou, “pre-millenium tensions” que lhe são inerentes. Só assim se podem justificar versos como “Here comes the flood/ Here comes the blood bath” (em “Here Comes The Flood”) ou “I’m a thrillseeker, honey, I can’t help it/ I kill for that feeling, now I felt it” (em “Thrillseeker”). Versos como estes estão espalhados ao longo dos dez temas de “Fin de Siècle”, anunciando Neil Hannon como um dos grandes visionários do final de século.
As canções deste álbum destacam-se quer pela ternura que as envolve (“Commuter Love”, uma balada de cortar a respiração), quer pelo ambiente épico e alucinante que criam (“Sweden”, uma bizarra homenagem ao povo sueco) ou pelo ambiente “cabaresco” desenhado, qual Mólin Rouge em fim de tarde (“National Express”).
Ficamos, ansiosamente, à espera do início do próximo século e de todas as surpresas (agradáveis, certamente) que Neil Hannon e os Divine Comedy terão para nos oferecer.
André Freitas
Class. 5
Autor: inside