ENYA – AMARANTINE

Está de volta a rainha do sublime e do etéreo, capaz sempre de nos envolver num misto de lendas e cores invernais.

Enya é já uma referência de culto, num espaço muito seu na música de todo o mundo. Ocupando aquele nicho que não é comercial nem clássico, um quasi religioso, uma lenda céltica que não o é. E dentro deste quadro místico Enya movimenta-se como ninguém por paisagens que são cruas a desbravar e sem nunca atraiçoar o seu estilo: na realidade poderiamos ouvir este álbum como se fosse o seu primeiro, ou um do meio. Não se distingue. Pode ser um defeito, pode ser um feitio, mas Enya é um loop constante de si mesma. Todas as canções se encaixam umas nas outras deixando um rasto de igualdade gritante, mas neste caso nunca enjoando.

A banda sonora perfeita de um filme que poderia ser a nossa vida rotineira. Ou uma rapariga a correr descalça numa floresta gelada. Um um rapaz sentado na lua a pescar. Onde vimos nós já isto? Enya canta sonhos e encanta. Quando ouvimos Amarantine somos imediatamente transportados para outro mundo, uma irrealidade metafísica coadjuvada pelos coros e pelos difusos sintetizadores.

Deste álbum destaco o pizzitacado “Amarantine”, que dá o nome ao disco e o talvez um pouco mais conturbado “The River Sings” a fazer lembrar um pouco, os Adiemus, com um cheirinho étnico. Destaque especial também para “Drifting” uma lindíssima melodia só com piano e Violoncelo, interrompida a meio por um leve coro sem letra. Um instrumental a destoar, trazendo as saudades de “Watermark”.

Sem dúvida um disco para inspirar.

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Autor: Tiago Videira