GIRL POWER

“This Island”, das Le Tigre

O terceiro álbum das Le Tigre é mais uma proposta onde o indie rock, o punk, o electro e a pop se misturam de forma equilibrada, oferecendo um conjunto de canções refrescantes e apelativas. A (re)descobrir.

Embora relativamente recentes, as Le Tigre são já uma das mais peculiares bandas do cenário musical alternativo norte-americano.
Constituído por Kathleen Hanna (das extintas Bikini Kill, um dos nomes centrais do universo riot grrrl), pela realizadora Sadie Benning e por Johanna Fateman, criadora de fanzines, o trio estreou-se em 1999 com um álbum homónimo e gerou desde então mais dois registos de originais: “Feminist Sweepstakes”, de 2001, e “This Island”, de 2004.

O terceiro álbum das Le Tigre dá continuidade à postura fusionista que se verifica desde o início do grupo, apostando em domínios lo-fi onde o indie rock, o punk, o electro e a pop se mesclam, fazendo de “This Island” um disco com tanto de experimental como de estranhamente acessível.

As canções, directas e curtas (a maioria vai pouco além dos três minutos de duração), focam os dilemas das relações humanas, a arte ou mesmo a política, contendo uma postura consideravelmente feminista, embora a carga militante, mais ou menos óbvia, nunca retire o carácter lúdico das composições.

“This Island” não inova muito face aos registos anteriores do trio, mas possui uma série de momentos que comprovam que a fórmula das Le Tigre ainda resulta.
O primeiro single, “TKO”, é tão “catchy” e trauteável como os melhores temas dos Bis; “Seconds” e “Don’t Drink Poison” são portentosas descargas de energia; “Tell You Now” e “Sixteen” percorrem domínios de um intimismo sedutor; “Viz” é um curioso olhar sobre a “street culture” e a cover de “I’m So Excited”, velho hit das Pointer Sisters, é um exemplo de pop simultaneamente reluzente e enigmática.

Aproximando-se da irreverência das Chicks on Speed, da intrigante ambiguidade sexual de Peaches e do eclectismo cosmopolita das Luscious Jackson, “This Island” não desbrava novos territórios mas é suficientemente refrescante para merecer algumas audições, atestando a vitalidade de um projecto a seguir com atenção.

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Autor: Gonçalo Sá