ENTREVISTA A FILIPE LA FÉRIA

ENTREVISTA A FILIPE LA FÉRIAFILIPE LA FÉRIA
DEPOIS DE «AMÁLIA»
«A CANÇÃO DE LISBOA»
JUNHO/2005-06-20Fazedor de grandes êxitos populares, Filipe La Féria prepara-se para levar à cena uma versão por si próprio recriada de «A Canção de Lisboa». É o regresso do talentoso e aclamado autor de textos e encenador às grandes produções, enquanto no Teatro Politeama, em Lisboa, prossegue com êxito «A Minha Tia e Eu», com actuações deliciosas de Fernanda Borsatti e José Pedro Vasconcelos; e, no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, se ultima uma nova apresentação de «Amália». Estes foram os temas abordados com entusiasmo por Filipe La Féria na entrevista que nos concedeu, repassada ainda assim de algum desânimo e amargura, sobretudo quando se referiu à «televisão horrível» que se faz em Portugal e às dificuldades, burocráticas e financeiras, com que se está a deparar para a reanimação do novo Teatro Olímpia.

INSIDE – Depois de espectáculos de grande aparato cénico ao nível da produção, com elencos numerosos e diversificados, e onde a componente musical era determinante – neste aspecto «Passa por Mim no Rossio» é um marco histórico – que significado têm no seu já longo percurso de encenador, repleto de êxitos comerciais e artísticos, estas peças que apostam mais no protagonismo interpretativo dos actores, como por exemplo «A Rainha do Ferro Velho» e agora «A Minha Tia e Eu»?

FILIPE LA FÉRIA – A próxima peça já será «A Canção de Lisboa! Faço sempre os textos que gosto ou que escrevo. Faço Teatro por paixão. «A Rainha do Ferro Velho» era um texto muito actual contra esta sociedade neo-liberal e «A Minha Tia e Eu», um texto muito profundo sobre a solidão e a morte, embora apresentado com muito humor.

INSIDE – O que se passa neste momento com «Amália»?

FILIPE LA FÉRIA – Vai estrear de novo no Porto, dia 7 de Julho no Teatro Sá da Bandeira, com um elenco maioritariamente composto por artistas da capital nortenha, e, claro, com a Luísa Basto, uma cantora e actriz magnífica, que interpreta Amália magistralmente.

INSIDE – Tem em marcha alguns projectos para Televisão?

FILIPE LA FÉRIA – Não, porque considero que a televisão que se faz actualmente no nosso País é horrível.

INSIDE – Para quando a reactivação do Olímpia?

FILIPE LA FÉRIA – Sinceramente não sei. Não tenho dinheiro (e o dinheiro a gastar neste projecto é muito). Depois, para agravar ainda mais o problema, as burocracias que temos são infernais.

INSIDE – Do que trata o novo espectáculo que anunciou de «A Canção de Lisboa»?

FILIPE LA FÉRIA – A base é o filme de que todos gostamos, com o Vasco Santana e a Beatriz Costa. É talvez o melhor filme português, o mais anárquico, o mais ingénuo. Agora o meu projecto é fazer desse argumento um grande musical. É um sonho de há muitos anos, e, neste momento nós portugueses estamos tão tristes e deprimidos, que penso ser a altura ideal para rirmos de nós próprios e irmos na marcha ao Fulambó!!!

Manuel Geraldo

Autor: Manuel Geraldo