Jazz na Culturgest

Universal Indians + Joe McPhee

Ciclo “Isto é Jazz?” | Comissário: Pedro Costa Jazz | 9 de Abril | 21h30 | Pequeno Auditório
Preço único: 5€

“É uma conexão social. Somos músicos de mentes abertas que estão sempre a olhar para fora e a procurar novos impulsos.
Não importa onde, com quem ou com que género musical.” Tollef Ostvang (Universal Indians)

“Universal Indians & Joe McPhee recriam o ambiente do free jazz clássico – não através de imitação ou anacronismos,
mas com a pulsação vibrante de uma alma e uma fúria intemporais.” Guy Peters, enola.be

Saxofones John Dikeman Contrabaixo Jon Rune Strøm Bateria Tollef Østvang Saxofones, trompete Joe McPhee

Se são muitos os músicos que hoje abraçam o formato do be bop, não o entendendo como uma tendência do passado, o norte-americano, radicado em Amesterdão, John Dikeman e os noruegueses Jon Rune Strom e Tollef Ostvang pegam nas fórmulas introduzidas por lendas do free, como Albert Ayler, Cecil Taylor, John Coltrane e Peter Brotzmann, a fim de as trazerem até à atualidade. Com uma particularidade: regra geral, dispensam o uso de estruturas ou composições predefinidas, tocando um jazz determinado apenas pelo momento. Um jazz intenso, poderoso e prenhe de argumentos e implicações, dando espaço ao detalhe e à subtileza. O nome Universal Indians ilustra bem o propósito destes músicos: este já não é um jazz nativo da América, é uma música global, uma música do mundo que absorveu outros vocabulários.

A escolha, como convidado do projeto, de um pioneiro do free jazz norte-americano com um percurso predominantemente europeu (com, por exemplo, Daunik Lazro, Evan Parker, Raymond Boni, Mats Gustafsson, Martin Kuchen, Rodrigo Amado) surge, pois, com naturalidade. Joe McPhee é um símbolo da sobrevivência no tempo presente das premissas (estéticas, sociais, políticas) da new thing e demonstra-nos que a opção por um “modo de fazer” não tem de ser exclusivista nem dogmática. O saxofonista e trompetista esteve envolvido com a música eletroacústica de Pauline Oliveros, colaborou com a Nihilist Spasm Band em contexto de noise music, interpretou Led Zeppelin com as bandas The Thing e Cato Salsa Experience. Esta desenvoltura tem-lhe sido possível pela adoção das metodologias do Pensamento Lateral de Edward de Bono. Segundo este, a formulação de novas ideias só tem a ganhar com a relativização das já existentes.

Dikeman é um herdeiro desta perspetiva: além do jazz, tem desenvolvido o seu trabalho na área reducionista da música livremente improvisada e, se chegou a estar envolvido nas cenas pop, clássica e tradicional do Cairo, durante os anos em que residiu no Egipto, na Holanda tocou já com membros do grupo punk anarquista The Ex. As posturas dos dois outros Universal Indians não são muito diferentes: Strom é um contrabaixista particularmente rítmico e jazzy, o que faz com o arco denota bem o seu interesse pela música erudita contemporânea, enquanto Ostvang tanto se identifica como um baterista de free jazz como se associa à eletrónica brutalista de Lasse Marhaug e à poesia fonética de Jaap Blonk.

Autor: pires