JESSI LEAL ANTUNES

A PÉROLA ORIENTAL

Páscoa de 1997. Há dez anos atrás nascia uma estrela: Jessi Leal Antunes. Hoje, caída no esquecimento, relembramos esta pérola da música Portuguesa.

Foi na, então quarta edição, do Chuva de Estrelas que Jessi deu nas vistas. Uma fulgurante imitação de Kate Bush valia-lhe o triunfo na final e consequentemente o prémio da gravação de um CD de originais. E o que viria aí, teria de ser algo único.

As minhas expectativas não ficaram defraudadas quando saía para o mercado, o álbum de Jessi em nome próprio. Dez faixas, entre as quais a sua própria versão de Wuthering Heights e mais nove originais, oito delas com letra e música da própria Jessi. A menina que hoje já escreveu um livro infantil e tirou um curso superior em Coimbra, na altura ainda acalentava sonhos místicos e cantava o oriente.

O disco é todo ele uma raridade e realmente custa a perceber como terá passado despercebido do público. Certamente uma má máquina publicitária, porque originalidade não lhe falta.

As melodias passeiam-se todas por sonoridades pop suaves, quase zen, em busca de um sonho e de uma lenda na Ásia distante. Faixas como “Livro de Sombras” evocam com o cravo a aura distante dos contos e das fábulas. Outras, como “Adeus Jade”, “Cantão, sol poente” contam-nos histórias Japonesas, quase haikus em versão miada.

A voz de Jessi é suave e penetrante num registo agudo, similar ao da sua musa. Kate Bush fez um bom trabalho na forma como educou esta menina.

Fica ainda registo para a tónica de “Estou mais além”, um claro hino à juventude e à rebeldia que se passeia naquelas bandas: “eu estou muito mais além, ouço, digo, faço o que me convém, quero ser original, não faço da vida mais um ritual, sou rebelde radical, de uma geração que é sensacional”. E está dado o mote. Jessi, muito à frente do seu tempo. Talvez agora, o seu disco fosse mais bem compreendido, será que ainda vamos a tempo?

http://musicologo.blogspot.com