JÓNATAS PIRES APRESENTA NOVO SINGLE “TERRA PROMETIDA”

“Terra Prometida” antecipa álbum de estreia a solo, que será editado dia 28 de Maio.

“Terra Prometida” é o novo single de Jónatas Pires, tema que antecipa o álbum de estreia a solo do artista, com data de lançamento marcada para dia 28 de Maio.

“Recordo com timidez o trajecto que a minha mãe fazia para ir trabalhar. Ainda de noite, dois ou três autocarros, barco, frio, sempre frio. Todos os dias. Nunca uma queixa, uma reclamação, um lamento. Quantas destas mães não são as nossas? As verdadeiras filhas da madrugada.

Fosse a Bíblia escrita hoje, talvez lêssemos “poderá alguma coisa boa vir do Vale da Amoreira?” Talvez seja abuso meu assumir a potencial importância cósmica deste lugar, mas é inegável que, para muitos, de certos bairros, cidades ou países é impossível encontrar manifestações do bem. Ou gente de bem. O mesmo talvez se possa dizer do eixo Anjos-Intendente, onde a calçada é portuguesa por ser feita de gente. Quem duvida da existência do purgatório, que passe por lá e tire as suas conclusões.

Ao escrever a Terra Prometida, pensava em muitas coisas. Estão lá todas, nas metáforas, nas imagens, nos instrumentos, na melodia. Explicá-las é pôr-lhes trela e açaime. Mas um dos meus pensamentos ia para todos os que só têm uma promessa para se agarrar à vida. Os que nasceram condenados a lutar pela manutenção. Os que nunca vão ter credenciais para o clube dos bons. É para eles que digo: enquanto dormimos, avançamos com o sopro da vida.”

Jónatas Pires

Não escondendo o seu carácter biográfico, Jónatas Pires dá a conhecer hoje o novo single do seu primeiro trabalhoem nome próprio – “Terra Prometida”. Sucedendo ao auspicioso “Eu Só Preciso” publicado em Novembro passado, esta nova revelação do álbum que aí vem recupera a energia adolescente e pueril de que nos lembramos quando, na década passada, nos surpreendemos com “Os Pontos Negros”, o grupo onde debutou.

“Terra Prometida”, um clássico no sentido mais nobre do termo, adianta-nos um compositor formado na audição dos mais brilhantes cantautores. Mas o que seguramente nos ressalta é a abordagem poética a um universo pessoal que a própria vida moldou. Uma história assente na verdade, tal e qual nos habituámos a classificar uma (verdadeira) canção rock, descrevendo-nos o quotidiano sem filtros. Aliás, este é mais um sinal do que Jónatas Pires nos trará no seu longa-duração.

“Terra Prometida” conta com vídeo de Tiago Brito, repetindo a colaboração de “Eu Só Preciso”. Com um guião concebido em parceria, Tiago e Jónatas transportam-nos à geografia da canção através de um “vídeo andante” em que a montagem reforça a energia musical da canção.

“No segundo teledisco assumimos uma abordagem literal, num percurso por alguns lugares citados na canção, num estilo documental e com poucos artifícios. Uma abordagem que desse espaço à narrativa da canção, cheia de vivências e referências. A simplicidade de um homem e um caminho, uma banda no lado oposto à Terra Prometida.”

Tiago Brito

Com produção de Silas Ferreira, companheiro na banda “Os Pontos Negros”, esta canção conta ainda com a participação de outro dos cúmplices dos velhos tempos e, diríamos, da vida, o baterista David Pires, irmão de Jónatas. Ainda: António Quintino, no baixo; o piano de Joana Wagner Pinto; e nos coros, Samuel Úria.

SOBRE JÓNATAS PIRES:

Entre a vitória dos Nevada no Festival da Canção e a queda do Muro de Berlim, Jónatas Pires nasceu algures na bacia do Tejo e viveu como saltimbanco nos subúrbios lisboetas até herdar um palacete em ruínas de uma viúva com quem manteve uma breve relação de relativa cordialidade e alguma desconfiança. Revelado ao grande público como um dos compositores d’Os Pontos Negros, banda-bandeira da renovação do roque cantado em português nascida no seio da FlorCaveira, que tomou o país de assalto e gerou paixão e discórdia na mesma medida.

Ao longo dos seis anos passados na estrada com a banda que fundou na adolescência, marcados por muito suor, quatro álbuns editados e muitas dezenas de concertos entre os maiores festivais e as caves e boîtes mais recônditas de Portugal, as composições de Jónatas Pires destacaram-se sempre pelo amor à baixa-fidelidade do rock’n’roll e do punk, a alta-fidelidade à língua portuguesa e a queda por melodias afiadas e apontadas ao coração.

Depois de um hiato em que se dedicou ao ensemble de Samuel Úria e à mentoria da iniciativa de cariz solidário Tudo É Vaidade, em que participaram variadíssimos músicos e amigos como Selma Uamusse, Benjamim, Domingos Coimbra, Manuel Palha e Tomás Wallenstein (Capitão Fausto), Gospel Collective, entre outros cúmplices de sempre, desde o ano passado que regressou à composição e ao lançamento em nome próprio.

O álbum de estreia a solo está para breve e conta com o selo da Sony Music Portugal.