Júlio Pereira
GEOGRAFIAS
Um fantástico trabalho de música étnica anda por aí escondido há um mês à espera de ser desenterrado. São as diversas latitudes de “Geografias”, de Júlio Pereira.
Júlio Pereira foi um intervencionista que saiu do anonimato em 1981 graças ao seu cavaquinho. Mas com o tempo a passar tornou-se mestre num peculiar cordofone: o bandolim. Por ser “aquele com mais possibilidade de inovação”.
Assim temos um inédito de onze instrumentais com sons tradicionalmente portugueses misturados com ritmos africanos e orientais. Alguma percussão suave e vocalizos étnicos protagonizados por Sara Tavares, Isabel Dias ou Marisa Pinto.
Em “Faro Luso” a faixa logo a abrir dá-se no entanto o momento estético do álbum: uma mistura em primeira mão da guitarra Portuguesa com o bandolim. Um encontro em dueto trabalhado com bastante profundidade e de difícil execução especialmente devido à peculiar afinação. No seu conjunto um efeito bastante surpreendente e algo indescritível. Efeito que continuará mais tarde em “Castelo de Ansião”.
Aliás, todo o álbum passa por ser um salpico de novidades no panorama musical português. Uma batalha muito bem travada e conseguida a mostrar-nos como ainda se pode inovar com muito bom gosto e requinte.
Um álbum obrigatório para quem quiser condimentar o serão com um travo de mundo.
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Autor: Tiago Videira