LUDOVICO EINAUDI E RODRIGO LEÃO

CONCERTO NO SÃO LUIZ

Realizou-se esta noite no São Luiz um concerto único, reunindo dois dos grandes nomes contemporâneos da música erudita.

A simplicidade do piano minimalista encontra-se com a poética sintetizada do cinema. É assim que se define o encontro entre Einaudi e Rodrigo Leão. O primeiro, um compositor Italiano de renome, principalmente de piano e de bandas sonoras (como “o quarto do filho”), o segundo, uma certeza entre nós. Um poeta de sons, um criativo de música para o cinema da nossa vida, um bom ambiente Parisiense dos anos quarenta.

Hoje, no São Luiz, o encontro mágico aconteceu pelas 21:30. Einaudi no piano de cauda e Rodrigo no sintetizador ensaiaram uma entrada em conjunto. Simples e eficaz. Depois, juntar-se-iam a eles, Celina da Piedade no acordeão, Marco Decimo no Violoncelo, Viviena Toupikova no violino e Ana Vieira como cantora convidada. Todos juntos, um ensamble riquíssimo de emoções e vivências para nos proporcionarem quase duas horas de pura magia.

Um desfile lento e original foi-se sucedendo com passagens românticas e melódicas como “Rosa”, numa interpretação contida e sofrida. Ana Vieira soube emprestar a languidez necessária ao tema, enquanto Viviena ia fazendo o nosso coração ficar muito apertadinho com as estridências no violino nos registos mais agudos.

Mas o ambiente era de contrastes: rapidamente estávamos em Paris em tempos idos com batidas rápidas e frenéticas, baixos no piano e sintetizadores coordenados com a garra de Celina no acordeão, em faixas como “Jeux d’amour”, uma das mais aplaudidas da noite.

Por sua vez, Einaudi ia entrecruzando pelo meio temas da sua longa discografia com uma aura que se distinguia muito bem: normalmente temas muito arpejados e com motivos que se iam renovando a si mesmos em frescos loops, num estilo muito próprio, tão diferente do de Leão, mas que se conjuga tão bem. E os arranjos dos piano solos com o ensamble resultaram facilmente.

Após um longo aplauso de pé, o encore foi quase tão grande como o espectáculo, proporcionando-nos ainda mais meia dúzia de melodias, entre as quais, a muito aplaudida “Fête”, outro dos clássicos a relembrar Paris, ou então o famosíssimo “Le Onde” de Einaudi, já de 1996, aqui numa fresca interpretação com todo o conjunto, em lugar de só um piano.

Em suma, uma noite para rememorar. Uma noite que Rodrigo Leão, tão ternamente dedicou ao recém desaparecido Cesariny e que bem merece, onde quer que esteja.

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Autor: Tiago Videira