MADELEINE PEYROUX – HALF THE PERFECT WORLD

Madeleine Peyroux é um caso sério de qualidade. Sem uma máquina promocional por detrás como as de Norah Jones ou Diana Krall, Madame Peyroux é, no entanto, uma aventureira a pulso.

Quando se descobre o seu som, ficamos viciados. Não há forma de fugir. E ainda por cima ficamos com um sorriso nos lábios e totalmente satisfeitos por a termos descoberto. E ficamos a perguntar-nos “Como é possível esta mulher existir, fazer esta música e eu nunca ter ouvido falar dela?”. E então sentimos revolta, imensa. Mas também a enorme satisfação de possuírmos um tesouro incalculável. E que temos o dever de partilhar com os nossos amigos.

M. Peyroux chega-nos com o seu terceiro álbum fresco. Chama-se Half the perfect world e apresenta-nos doze temas perfeitos. Pela primeira vez, alguns deles, originais e não apenas recreações como nos antigos “Dreamland” ou “Careless love”. No entanto, nada se perde. Os arranjos são soberbos, nas guitarras e nos pianos e a voz de Madeleine dissolve-se com o hammond organ (genialmente escolhido para colorir a obra de arte que é este álbum), tranportando-nos para uma sala colorida em mogno, com o amor no ar e um copo de vinho encorpado na mão. Depois é só deslizar. O tema “I’m Allright” é um começo sedutor e quase cómico, que se desfaz em ternuras conforme o disco avança. Quando chegamos a “Blue alert” já recuámos muito no tempo, até tempos idos de felicidade. Quando atingimos “La Javanese” já não sabemos muito bem se andamos algures em Paris nos anos 40, ou se estamos a sonhar. E claro, acordamos esperançadíssimos com uma versão colorida da imortal “Smile” de Charlie Chaplin. Tempos Modernos. Um álbum vintage.

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Autor: Tiago Videira