MAFALDA VEIGA E JOÃO PEDRO PAIS

LADO A LADO

Lado a lado. Olhares cúmplices trocados entre devaneios musicais. Eu canto-te a ti e tu tocas-me a mim. Partilha poética.

Uma certeza da música portuguesa, Mafalda Veiga foi construindo todo um percurso sólido, num estilo que só tem par em Jorge Palma. Melodias introspectivas e intimistas delineadas por harmonias essencialmente acústicas, voz contida e letras sofridas e sonhadoras, bem de cá de dentro.

João Pedro Pais um anti-herói. O rapaz sem carisma, pequenote e despercebido, soltou-se por debaixo da égide de Miguel Ângelo no Chuva de Estrelas. De lá para cá construiu uma carreira que sobe a cada momento. De um pop comercial com intenções algo ténues foi-se adensando e solidificando em matéria íntima e madura. O íntimo de si e a sociedade interna é também a temática forte das histórias contadas. Uma alma rebelde num menino de coro, assim é João.

Centro Olga Cadaval, Sintra. Estas duas almas unem-se. Sangue, saliva e suor são metáforas para um entrosamento perfeito. As minhas harmonias são tuas, e o que é teu entra na minha voz. A minha consciência é tua e minha, é um nós que se funde numa pessoa dupla, um espelho indefinido.

Cantar-me-te. Tatuagens, O dia mais longo, Ninguém ou Cada lugar teu, são parcerias inolvidáveis. Músicas do imaginário de cada um de nós agora em novos arranjos e comunhões.

Segue-se uma separação vocal. Cada um dá cor e corpo a canções individuais, também elas já há muito interiorizadas em cada um de nós. Tudo se embrulha em Louco e Lado a lado, a fechar, de novo em dueto.

Um álbum que resulta de um mútuo apreço, uma combinação ideal para um chá com scones enquanto tomamos consciência de nós e do mundo.

http://musicologo.blogspot.com

Autor: Tiago Videira