PATO FU «DAQUI PRO FUTURO»

Ao nono disco, os Pato Fu voltam a afirmar-se como um caso único no cenário pop/rock, cantado em português.

A explicação para tal originalidade assenta na veia melódica do quinteto mineiro, aliada a uma
considerável diversidade de soluções rítmicas e à vontade de não repetir trabalhos anteriores.

Em “Daqui Pro Futuro”, encontramos uma banda a abordar um território familiar: os anos 80, mas com novas coordenadas. A belíssima faixa de abertura, “30.000 Pés”, consagra a voz etérea da vocalista Fernanda Takai, numa suave música que poderia ser um blues, auxiliada por uma slide guitar.

Torna-se difícil fugir à versão hipnótica de “Cities In Dust”, dos Siouxsee And The Banshees, que mereceu os elogios da conhecida cantora inglesa. Mas é com “Woo” e “Quem Não Sou” que se atingem os pontos mais altos de um álbum quase sem pontos baixos.

No primeiro caso, encontramos um escorreito exercício de punk, onde Ricardo Koctus aproveita para brilhar, através da distorção do seu baixo. As boas ideias continuam com “Quem Não Sou”, um mantra em forma de canção, que celebra velhos gurus da música electrónica: Kraftwerk e Gary Numan.

Merecem também destaque “A Hora Da Estrela”, primeira composição ao piano do guitarrista
e compositor John Ulhoa, a quase salsa de “Tudo Vai Ficar Bem”, dueto de Takai com a cantora colombiana Andrea Echeverri e a homenagem dançante à paternidade de “Papá Mamã”.

A grande virtude de “Daqui Pro Futuro” reside na criação de sons simples e antigos através da utilização de tecnologia de ponta. Por outro lado, instrumentos como a cítara, Hurdy Gurdy e arranjos orquestrais inovadores demonstram que é “sobre o tempo” que os Pato Fu ganham a sua batalha.

Autor: Pedro Salgado