Raquel Reis e Martin Henneken MUSEU NACIONAL DA MÚSICA – EntradaLivre
UM MÚSICO, UM MECENAS 2016
Sábado, 30 de Abril
Raquel Reis e Martin Henneken
Um Músico, Um Mecenas 2016
Os concertos com instrumentos históricos Um Músico, Um Mecenas arrancam já a 30 de Abril, pelas 18h, no Museu Nacional da Música, com um recital de Raquel Reis e Martin Henneken. Os músicos tocarão as sonatas para violoncelo e baixo contínuo de Francesco Geminiani nos violoncelos de Joaquim José Galrão (1769 e 1781).
Todos os concertos são às 18h e de #EntradaLivre
Esta é já a quarta temporada do ciclo de concertos com instrumentos históricos UM MÚSICO,UM MECENAS, organizado pelo Museu Nacional da Música e no qual se procura divulgar um dos mais importantes acervos instrumentais da Europa, com a ajuda de músicos que actuam pro bono e dão voz a tesouros nacionais e peças de valor histórico único.
Os concertos são viagens à colecção do Museu da Música, conduzidas por grandes intérpretes nacionais e internacionais, dando a conhecer os instrumentos através de concertos comentados e de uma contextualização histórica estendida, muitas vezes, ao repertório escolhido.
A interpretação, a necessária manutenção dos instrumentos musicais e a comunicação da história de cada um deles são factores intimamente ligados e que resultam numa acção concertada entre o museu e os mecenas do ciclo (músicos, construtores/restauradores e outros parceiros).
A imagem do poster deste ano é baseada numa fotografia – cuja cópia do original segue em anexo – datada de c. 1886, do atelier Fillon, de Augusto Bobone e pertence a uma colecção particular. Nela podemos ver o rei D. Luís a tocar num dos seus violoncelos . D. Luís I foi violoncelista amador e um monarca com grande sensibilidade para as artes. Tinha uma pequena colecção de instrumentos, sendo que parte dela se encontra actualmente no Museu Nacional da Música. São disso exemplo o violoncelo do construtor Joaquim José Galrão e o violoncelo Stradivarius, que participarão no ciclo.
“Um Músico, Um Mecenas 2016” contará, efectivamente, com a ajuda de diversos violoncelistas de renome, entre muitos outros músicos.
Sonatas para violoncelo e baixo contínuo de Francesco Geminiani (1687-1762)
VIOLONCELOS DE JOAQUIM JOSÉ GALRÃO (1769 e 1781)
por RAQUEL REIS e MARTIN HENNEKEN
Sobre os violoncelos Galrão
JOAQUIM JOSÉ GALRÃO foi um fabricante muito hábil de instrumentos de cordas que teve a sua oficina em Lisboa, durante o séc. XVIII, e o melhor construtor português de violinos e violoncelos da época. Destaca-se de todos os outros pelo requinte dos instrumentos que produziu, mas sobre a sua vida pouco sabemos. A arte dos seus instrumentos revela, no entanto, que não era autodidata.
No Diccionario Biographico de Musicos Portuguezes de Ernesto Vieira (edição de 1900), podemos ler: (…) Apezar de serem estimadíssimos e cotados por elevado preço os raros instrumentos de Galrão que teem apparecido, viveu elle bem obscuramente, pois que ainda não pude obter a seu respeito a mais insignificante noticia biographica. Apenas poderei, por agora, reproduzir o que se sabe pelos disticos dos instrumentos, nos quaes se lê a data em que os construiu (…) No museu de el-rei o senhor D. Carlos, creado por seu fallecido pae, guardam-se com grande estimação dois violinos, uma viola e um violoncello d’este fabricante, que tem a seguinte etiqueta: Joachim Joseph Galram, fecit Olesiponae 1769. (…)
Integram a colecção do museu os dois violinos, a viola e o violoncelo datado de 1769 do rei D. Luís I referidos por Ernesto Vieira, assim como um violoncelo de outra proveniência. Há também um violoncelo que se encontra no Conservatório Nacional, um violino no Conservatório do Porto, e são conhecidos mais três exemplares em coleções particulares.
O violino MM 74 do Museu Nacional da Música é o instrumento mais recente deste grupo de sobreviventes (data de 1794), mas na etiqueta de um outro violoncelo da colecção, datado de 1797, do construtor Félix Dinis (?-1858), pode ler-se: Felis Antonio Dinis a fes em casa/da Viuva de Galram Anno de 1797. O violoncelo Galrão do Conservatório Nacional é muito semelhante ao violoncelo Dinis da coleção do Museu Nacional da Música, o que reforça a possibilidade de Dinis ter sido, de facto, aluno de Galrão.
Deduz-se assim que Galrão terá falecido entre 1794 (data de execução do seu instrumento mais recente) e 1797 (data do violoncelo da autoria de Felis Antonio Dinis). MNM
Currículo dos músicos
A violoncelista RAQUEL REIS estudou no Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian com Isabel Boiça e na Academia Nacional Superior de Orquestra com Paulo Gaio Lima. Obteve o 1o Prémio nos Concurso de Interpretação das Caldas da Rainha, Samuel and Elinor Thaviu Endowed Scholarship Competition in String Performance e Winnetka Music Club Scholarship. Em 2007, concluiu o Mestrado em “String Performance” na Northwestern University School of Music, Chicago, com Hans Jensen. Colaborou com a European Union Youth Orchestra e a Spira Mirabilis. Tocou a solo com as orquestras Gulbenkian, Académica Metropolitana e Clássica de Espinho. Gravou o cd ‘Mundo Grande’, de música autoral luso-brasileira. Integra o “trio pessoa”, com o qual gravou o cd “pessoa” dedicado à música portuguesa. Integra desde 2007 a Orquestra Gulbenkian.
O violoncelista alemão MARTIN HENNEKEN nasceu em 1981 e recebeu as primeiras lições de violoncelo aos seis anos de idade. Aos dezasseis ingressou, como bolseiro, na Musikhochschule Detmold, onde estudou com Gotthard Popp. Frequentou posteriormente as academias de música de Lübeck e Viena, onde foi aluno de Troels Svane e Reinhard Latzko. Foi premiado no Concurso Nacional Alemão para Jovens Músicos e aluno da Fundação Live Music Now, criada por Yehudi Menuhin.
Como membro da Orquestra Nacional Alemã da Juventude, ganhou experiência como músico de orquestra. Durante os seus estudos, foi convidado a colaborar regularmente com várias orquestras, como a Filarmónica de Lübeck, a Sinfónica de Viena e a Sinfónica da Índia Mumbai. Como músico de câmara, estudou com Walter Levin, do Quarteto Lassalle, e atuou no Konzerthaus de Viena. Na temporada 2009 -10 colaborou com a Ópera Nacional e a Filarmónica de Viena e participou nos festivais de Salzburgo e Lucerna. Desde 2010 é segundo solista da Orquestra Gulbenkian.
Sobre o compositor
FRANCESCO GEMINIANI (1687-1762) foi aluno de Alessandro Scarlatti e Arcangelo Corelli. Notabilizou-se como teórico, compositor, maestro e violinista. Em 1714 mudou-se para Inglaterra, onde tocou com Haendel para o rei Jorge I. Na sua obra destacam-se as sonatas para violino e baixo contínuo e os seus concerti grossi. Em 1751 Geminiani escreveu um tratado sobre a arte de tocar violino em. Um ano depois escreveu Guida harmonica, um dos mais originais tratados de harmonia, dando instruções detalhadas para a realização do baixo contínuo.