The Gift com alta adesão na Aula Magna

EM DIRECTO PARA A GRAVAÇÃO

Apresentando-se na Aula Magna seis anos depois da estreia nesse espaço, os The Gift proporcionaram, no passado dia 9, um concerto que percorreu toda a sua discografia, confirmando-se como uma das principais bandas nacionais.

Após um concorrido espectáculo na noite anterior, a 9 de Junho a Aula Magna registou uma nova enchente de espectadores para o segundo concerto consecutivo dos The Gift naquele espaço, assinalando o 6ª aniversário da sua estreia nesse palco singular.

Em 1999, a banda de Alcobaça era um projecto que estava a dar os primeiros passos e a implementar-se no panorama musical português, hoje são um dos grupos da linha da frente da nova geração, como o atestam os três álbuns de originais e uma crescente legião de fãs.

O espectáculo da passada quinta-feira teve a particularidade de ter sido gravado, estando disponível em CD logo à saída do concerto, algo inédito e inesperado que despoletou uma chuva de aplausos quando a vocalista Sónia Tavares o anunciou.

Percorrendo os três discos de originais da banda (e revisitando ainda o EP de estreia “Digital Atmosphere”), a noite foi suficientemente ecléctica, evidenciando as múltiplas facetas e universos do grupo.

Como se esperava, grande parte do alinhamento incidiu sobre o registo mais recente, o duplo “AM-FM”, que ofereceu canções como as tranquilas “1977”, “Wallpaper”, o instrumental “I Am AM” e a envolvente “Are You Near?” – estes de “AM” – e temas mais dinâmicos como “Music”, os singles “Driving You Slow” e “11:33” (muito bem recebidos pelo público e dois dos pontos altos do espectáculo) ou o portentoso “You Know”, com vibração rock próxima dos The Strokes, cuja intensidade conquistou os espectadores através de um irresistível apelo dançável.

Se as novas canções foram alvo de entusiasmo, as mais antigas não o foram menos, gerando bons momentos como a magnífica “Dream With Someone Else’s Dream” (que, apesar de fazer parte de “Vinyl”, foi apresentada com um arranjo mais próximo da versão de “Digital Atmosphere”) ou a incontornável “OK Do You Want Something Simple”, o primeiro êxito da banda, interpretado com texturas mais agressivas.

Os cativantes tons pop de “Question of Love”, a aura grandiosa de “Front Of” e a introspecção de “Actress (AM-FM)” foram três dos episódios de “Film” que os The Gift revisitaram, numa paleta sonora que alternou entre ambientes intimistas e outros carregados de altas doses de energia, onde o público aplaudiu de pé e até dançou em várias ocasiões.

“Red Light”, “Butterfly” e “Five Minutes of Everything” compuseram, já nos momentos finais, o trio do primeiro encore, e o cada vez mais viciante e hipnótico “So Free (3 Acts)” foi o desenlace perfeito para as cerca de duas horas de música, disseminando uma absorvente onda electrónica à qual foi difícil renunciar.

Proporcionando uma actuação sólida e consistente, com assinalável desenvoltura e versatilidade, os The Gift comprovaram, mais uma vez, a sua eficácia ao vivo num espectáculo que convenceu tanto na vertente sonora como na visual (destaque para o minucioso e elaborado trabalho de iluminação, adaptando-se às atmosferas específicas de cada canção).
Não registou a dose de surpresa presente, por exemplo, no concerto no Teatro S. Luiz, mais acolhedor e intimista e sem as dispensáveis palminhas a acompanhar a maioria das canções, mas foi, de qualquer forma, uma oportunidade de ver uma banda em forma.
Esperemos que essa energia se comprove novamente daqui a outros seis anos.

Autor: Gonçalo Sá
Data: 13/06/05