20 Canções para Zeca Afonso

As palavras do poeta e cantor foram relembradas no CCB.

Algumas das canções mais emblemáticas de José Afonso, foram relembradas no CCB, em Lisboa, no dia 25 de Abril. Os artistas Alexandra Ávila e João David Almeida deram voz à poesia de Zeca Afonso.

Na noite em que se comemorou o 34º aniversário da Revolução dos Cravos, José Afonso, também reconhecido como o poeta e o cantor da Revolução de 25 de Abril de 1974, renasceu através das vozes de Alexandra Ávila e João David Almeida.

Passados 20 anos após a morte de Zeca Afonso, o palco do CCB recebeu o projecto musical de Rafael Fraga, pretendendo-se homenagear o cantor e poeta da Revolução dos Cravos dando uma nova perspectiva e visão sobre a obra deste artista que marcou o Século XX português e que com as suas palavras inspiradoras conseguiu transmitir mensagens inovadoras e revolucionárias à população oprimida, na altura, pela ditadura.

Rafael Fraga teve o primeiro contacto com a música de José Afonso no início da sua aprendizagem musical: “Fascinou-me a melodia de “A morte saiu à rua”, a força das palavras e a progressão de acordes”.

Foi com uma sala praticamente lotada que o público recebeu este novo projecto que homenageou o cantor fazendo uma (re)leitura dos temas que fazem parte dos originais editados entre 1962 e 1987.

Com um grupo musical aparentemente novo, composto por Jorge Reis, no saxofone, Rafael Fraga, na guitarra, Augusto Macedo, no baixo, Bruno Pedroso, na bateria, João Paulo Esteves, no piano, e com as interpretações de Alexandra Ávila e João David Almeida a darem voz a este conjunto de músicas, foram interpretados alguns dos originais mais conhecidos de todos nós e que nos fazem lembrar outros tempos vividos em Portugal.
No entanto, a apresentação de “20 Canções para Zeca Afonso” teve também como objectivo mostrar ao público alguns dos registos menos divulgados e menos conhecidos do cantor.

Foi num cenário preenchido com as cores da Bandeira Portuguesa, com os artistas que compõem este projecto a entrarem e sairem de cena de acordo com as necessidades musicais de cada interpretação, que foram tocados temas como “O que faz falta”, “Os Vampiros”, “Os Índios da Meia-Praia”, “Maria Faia”, “Maio, Maduro Maio” e “Coro dos Tribunais” , entre outros.

O público talvez aguardasse impaciente por dois temas que ficaram conhecidos como os temas da Revolução de 1974, no entanto o alinhamento deste projecto não contemplou “Os Filhos da Madrugada” e “Grândola Vila Morena”.
Com o final do encore a dar vida ao registo “Maio, Maduro Maio” o público percebeu que “Grândola Vila Morena” não ía ser revivida no palco do CCB e, de pé , quando os artistas se preparavam para sair de palco, a sala do Grande Auditório do CCB foi surpreendida quando, em coro, o público interpretou o tema “Grândola Vila Morena”.

Foi uma noite de 20 canções dedicadas à memória do poeta, cantor e compositor José Afonso com o público a não deixar escapar a oportunidade de se “revolucionar” com o tema “Grândola Vila Morena”.

Os artistas, agradeceram, emocionados.

Autor: Marisa Antunes