CARLA BRUNI

NO PROMISES

Sem promessas, o disco mais aguardado do ano, acaba de chegar. E sabe a tão pouco!… Descubra porquê.

Após a tortura que é ficar quase quatro anos à espera de um novo trabalho da divina Carla Bruni, esperava-se mais, muito mais. O novo disco é uma esmola em termos temporais. Os trinta e quatro minutos que se espraiam por onze faixas metamusicais deixam-nos à beira do desespero e com a barriga cheia de fome por termos tido direito só à entrada. Então e onde está o espectáculo? É o melhor elogio possível a fazer à ex-modelo: queremos mais, muito mais, muito mais tempo, pode ser mais do mesmo, que não nos cansamos!

Este trabalho nota-se que é uma maturação em estado de crescimento. Esta aparente antítese explica-se facilmente: Carla Bruni mostra sinais claros de que sabe bem o que faz e o que quer. Os arranjos simples e descomplexados com guitarras acústicas, eléctricas e por vezes vassouras, mostram que não é preciso muito para se ser quase perfeito. A sua voz sussurrante e sensual cedo nos agarra. No entanto, fica no ar uma certa saudade da língua francesa, muito mais adequada a uma noite de sedução.

Desta vez, em Inglês, Carla dá-nos um cheirinho de folk e jazz a roçar Madeleine Peyroux, aquela qualidade ininteligível e inefável das mulheres suaves que tão bem nos embalam e encantam. O disco é um todo compacto do princípio ao fim que é difícil estilhaçar em faixas. Após ouvi-lo e reouvi-lo ainda me perco sem saber muito bem se estou no princípio, no meio ou no fim. É que o mérito é da intérprete/compositora. Ela é o elo individual do disco e não a canção. Não se consegue destacar este ou aquele tema, funciona tudo como uma equipa de futebol colectivo. Talvez, daí o mágico número de onze faixas: um colectivo Chelsea impenetrável e imbatível no campo onde batalha. Mesmo assim vou correr o erro de individualizar duas faixas: “Lady weeping at the crossroads”, um magnífico lamento de nos levar às lágrimas, lânguido e despedaçante, a contrastar com o mais alinhado “Afternoon”, muito no registo do “Le plus beau du quartier” do álbum anterior, uma faixa para dançar pela casa fora agarrado à vassoura.

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Autor: Tiago Videira