Celebrity Skin – Hole

ROCK ON!

Um dos melhores discos de rock de finais dos anos 90, “Celebrity Skin” foi o terceiro e último registo de originais dos Hole, a banda da controversa Courtney Love. Um álbum a (re)descobrir com atenção…

Após uma interessante estreia com “Pretty on the Inside”, em 1991, e um soberbo segundo álbum, “Live Through This”, em 1994, os Hole apresentaram, em 1998, mais um sólido e convincente disco, “Celebrity Skin”.

Expondo uma sonoridade mais reluzente e polida do que os trabalhos antecessores – que evidenciavam consideráveis traços grunge, metal, rock e uma postura riot grrrl -, o terceiro registo de originais dos Hole proporciona doze canções que, apesar de mais acessíveis e poppy, não deixam de conter a força e fascínio habituais da banda.

Courtney Love pode não ser uma das figuras públicas mais afáveis e moderadas, mas enquanto vocalista e compositora exibe aqui um considerável carisma e pujança, esculpindo um conjunto de temas vibrantes cantados com notória entrega e empenho.
Os restantes elementos da banda são igualmente seguros, desde o soberbo guitarrista Eric Erlandson até às eficazes Melissa Auf Der Maur (que integrou depois os Smashing Pumpkis e iniciou uma carreira a solo), no baixo, e Patty Schemel, na bateria.

Embora sejam mais solarengas do que as da fase anterior dos Hole, as canções de “Celebrity Skin” possuem ainda substância e intensidade, focando questões como a fama, a indústria musical, o papel da mulher na sociedade e, claro, a sempre presente temática do amor, incontornável em qualquer disco de rock.

Entre abrasivas descargas de energia como “Playing Your Song” ou “Reasons to be Beautiful” (não muito distantes das atmosferas de “Live Through This”), envolventes e belíssimas baladas como “Petals” ou “Dying”, exemplos de pop cristalina como “Malibu” e “Heaven Tonight”, não esquecendo o efervescente single que dá nome ao álbum, “Celebrity Skin” evidencia uma banda coesa e destaca-se como um contagiante concentrado de rock.

A contribuição de Billy Corgan na composição de cinco canções, os sempre excelentes arranjos de cordas de Craig Armstrong e a irrepreensível produção de Michael Beinhorn contribuem também para que o nível qualitativo do disco seja ainda mais elevado.

Infelizmente, “Celebrity Skin” foi o último trabalho da banda, pois em 2002 Courtney Love anunciou a sua dissolução, mas pelo menos o grupo terminou em alta, oferecendo um dos discos nucleares de 1998 e um dos melhores testemunhos do rock de finais do milénio. Recomenda-se, por isso, a sua (re)descoberta e múltiplas audições…

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Autor: Gonçalo Sá