COLDPLAY – VIVA LA VIDA

O Quarto álbum de originais dos Coldplay é hoje lançado oficialmente em Portugal. Viva la Vida, é um hino orgânico que veio para ficar.

Viva la Vida retira o seu nome de uma pintura da artista Frida Khalo mas, na realidade, a pintura que orienta a capa do álbum é a “Liberdade” de Delacroix.

Quanto ao álbum em si, mantém-se fiel ao estilo reconhecível de Coldplay com algumas subtilezas curiosas. As letras caem em domínios mais abstractos, é um álbum mais visual, segundo as palavras do seu produtor Brian Eno. A música tendencialmente é mais oblíqua. Há todo um contágio da cultura espanhola nas guitarras, mais soltas e com experiências acústicas.

O conhecido Falsete de Martin perde-se e cai para um registo mais baixo ao longo de quase todo o álbum, o que é uma perda que lamentamos. No entanto tal nem sempre é verdade, como na faixa “Yes” onde só ele existe e muito bem. Uma canção muito etérea. O falsete só voltará a existir na versão alternativa de “Lost!”.

Mas o álbum abre é com “Life in technicolor” um puro instrumental sintetizado para dar cor ao seguimento do álbum anterior. Seguem-se os “Cemeteries of London”, uma faixa algo lúgubre e pesarosa. “Lost!” Afirma-se de seguida como a melhor faixa do álbum. Entra bem no ouvido e atira para reminiscências antigas de Blur. De notar no entanto, que a pérola será mesmo a versão acústica desta canção com o piano em força e só disponível no Itunes e na versão Japonesa do álbum. Mas que vale bem a pena.

“42” é uma balada que dá o mote “Aqueles que estão mortos, não estão mortos, apenas estão vivos na minha cabeça”. Um ente leve socorrido por coros sussurrados num ambiente muito plástico e Radioheadiano.

“Lovers in Japan” vive muito de uma sonoridade acelerada e artificial. A ibericidade das guitarras acústicas aqui fica bem patente. “Reign of love é uma balada em piano e sintetizações etéreas do mais bonito que há. Quase uma canção de embalar”.

“Viva la vida” traz-nos uma bela combinação de cordas em ríspidos acordes violentos trazendo uma sonoridade quase arcaica. O tom é bastante positivo.
“Violet Hill” é o single do álbum, com direito a videoclip, e empresta-nos a sensação de um hit para conquistar as pessoas. Nota-se uma evolução, no entanto há muita nostalgia britânica aqui. Poderiam morar Travis, Oasis, Blur aqui. É uma faixa tão típica que se compreende porque foi escolhida para apresentação.

“Strawberry Swing” é uma reminiscência de giga irlandesa travestida de canção pop alternativa. A combinação fica um pouco estranha, mas acaba por resultar depois de ouvida algumas vezes.

“Death and all his friends” é mais uma balada para encerrar o álbum em tons pacientes e lânguidos. O piano vomita acordes com certo à vontade, enquanto Martin evita ao máximo o falsete.

O álbum fecha com um motivo antigo, que já aparecia na faixa com que começou, trazido para mais um instrumental escondido, “The escapist”.

Um álbum esperado e que não vai desapontar ninguém. Quer os fãs de longa data, quer os que vieram de propósito espreitar e conhecer.

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Autor: Tiago Videira