Entrevista com Anjos

Eles são os “Anjos”, duas pessoas simples, que acham que ser genuínos no que se faz é o que é importante.“A nossa filosofia de trabalho é mantermo-nos fiéis àquilo que somos desde o início”
JI – Falem-me no vosso trabalho “Alma”.
Anjos – Nós estrategicamente, e se calhar um pouco por causa dos boatos que por aí andaram, que diziam que os irmãos Nelson e Sérgio teriam eventualmente terminado, decidimos fazer uma pausa. O que podemos dizer é que em 8 anos de sucesso, é importante num país tão pequenino como Portugal, de vez enquanto deixar respirar um pouco a carreira.
Nessa linha de pensamento decidimos que seria uma boa altura, agora que passou um ano e meio de silêncio, voltarmos e com uma alma renovada.
Este disco “Alma” é assumidamente mais pop rock, e mostra não só na própria produção musical, como também nas letras que os Anjos estão mais maduros, apresentando níveis de exigência superiores em relação aos trabalhos anteriores.
É possível que pensem que agora quisemos fazer outro estilo de música mais pop rock, porque se calhar agora está na moda, e isso também é uma verdade, mas o que se nota de álbum para álbum é que essas mudanças têm vindo a ser graduais e temos vindo a evoluir.
JI – Em relação à música que temos vindo a ouvir mais, tirada deste álbum, “A Vida Faz-me Bem”, esta é uma música muito positiva. A vida faz-nos mesmo bem?
Anjos – A vida faz mesmo muito bem, principalmente quando fazemos aquilo que mais gostamos.
Falando dos Anjos e dessa música específica, ela é da autoria do Sérgio e do Edu nosso Director Musical e Director da banda ao vivo que surgiu de uma brincadeira.
A letra é de um amigo nosso, que é Norte-americano, e que curiosamente escreve muito bem em Português, e acaba por dizer que “A Vida Faz-me Bem” é o espelho de outras músicas que nós temos e que abordam precisamente essa ideia de positivismo. Falamos do amor de uma forma positiva, e não melosa, ou melodramática e falamos dele de muitas formas. O Amor por alguém, por uma coisa, o amor pela natureza, e muitos outros tipos de amor.
Este tipo de canções servem para lembrar às pessoas que têm de ser positivas como por exemplo o “Quando Fores Grande” que fizemos para angariar fundos para equipar uma escola em Timor, e que era positiva e tinha a maturidade que tinha. Hoje em dia falamos desse assunto de outra forma.
“A Vida Faz-me Bem”, tem uma letra que nos diz que, por muitos problemas que possamos ter, problemas com a namorada, com a mulher, com o marido, com o trabalho, nenhum problema é superior ao valor que tem a nossa vida, e as pessoas vão reparar que só em certas situações dão atenção ao valor da vida, e essas situações muitas vezes são por exemplo, aquela em que nos encontramos sem saúde. Nessas alturas pelo menos durante um tempo abordamos a nossa vida de uma forma diferente e damos-lhe mais valor e esta música vem nesse contexto, é uma mensagem que quisemos deixar às pessoas.
Queremos que a nossa música sirva para deixar as pessoas bem.
JI – Como é que correram os Concertos nos Coliseus?
Anjos – Sem dúvida o Projecto dos Coliseus, de Lisboa e Porto foram um grande sucesso.
Acabou por ser um pouco inexplicável, porque ambos foram bons, com casas cheias, e sentimos um pouco aquela magia dos palcos.
Os Coliseus não são casas de espectáculo normais. Há pessoas que se calhar deixaram de nos ir ver aos Coliseus porque sabem que vamos actuar noutras casas mais perto e preferem, mas por mais que isso aconteça, os concertos nunca são iguais.
Tudo isto é explicado, porque a sala, a produção, são sempre diferentes, apesar de que vamos andar com uma produção aí 80{32b4486515d0a5abfadefb82dc72bb6fc0b678301881c70cec7f997124f6ddb6} parecida, o que faz com que os espectáculos possam ser parecidos.
Os músicos são os mesmos que nos acompanham desde sempre, e isso também é super importante.
Há igualmente pessoas que continuam a seguir a nossa carreira onde quer que estejamos, já durante anos e anos, até desde que começamos, e nós acabamos por colocar a questão de como é possível isso acontecer. Como é possível as pessoas irem a todos os nossos concertos e não se cansarem.
Há no entanto uma explicação muito lógica para isso: Um concerto não é igual a outro.
E vêm por aí mais novidades agradáveis.
Vamos lançar este disco “Alma” com uma variante ao vivo, que vai sair em CD e DVD que deverá sair entre Setembro e Outubro. Vai haver uma conferência de Imprensa, para a Comunicação Social e para alguns convidados. O local já está escolhido e acreditamos que as pessoas vão gostar muito do sítio.
JI – Fizeram um concerto no novo Modelo da Arroja em Odivelas, e parece que houve um contra tempo, que até teve alguma piada?
Anjos – Foi uma coisa engraçada.
Estavam uns pequenitos à frente das grades, e esses foram os primeiros a levar o banhinho (risos).
O que aconteceu é que ali há relvado e rega automática, e eles esqueceram-se de mudar a hora da rega, e à hora programada os aspersores começaram a funcionar.
Esse concerto aconteceu ali, porque nós somos por assim dizer a cara do “Modelo” nas suas inaugurações, há uma série de eventos que acontecem durante uma ou duas semanas e nós fechamos o programa das festas com um espectáculo que o “Modelo” oferece aos seus clientes.
Esta é uma ideia que achamos óptima, porque esta superfície oferece às pessoas muitas vezes concertos que de outra forma não teriam tão facilmente acesso.
O Modelo da Arroja foi o primeiro e agora outros se seguirão.
JI – Qual é a sensação de estar sentado numa mesa a dar autógrafos, e ter uma fila interminável de pessoas que querem a vossa assinatura e falar convosco?
Anjos – Nós despendemos sempre uns minutos para dar os autógrafos aos fãs, porque achamos que é importante essa atenção.
É inevitável não dar essa atenção, a quem tem tanto carinho por nós. São crianças, e famílias inteiras que estão ali, para poder levar uma recordação nossa para casa, e isso faz com que sintamos uma grande responsabilidade. Nós funcionamos como um depósito de energia, e para nós é fantástico sentir isso.
Os fãs são fundamentais, porque são o feedback do nosso trabalho. São a base fundamental, que mantém a chama acesa.
Este é o verdadeiro reconhecimento do nosso trabalho e dá-nos força para continuarmos o nosso trabalho com a mesma garra, com a mesma vontade, e a mesma postura.
JI – É difícil serem irmãos e trabalharem juntos, ou até é uma mais-valia?
Anjos – É sem dúvida uma mais-valia.
Não é fácil trabalharmos juntos, mas também posso dizer que não é difícil, porque nós começámos nestas andanças desde crianças, e sempre fomos educados, e habituamo-nos um ao outro.
Quando um diz mata o outro diz esfola (risos). Ambos opinamos sobre tudo o que fazemos, a nível profissional, mas temos áreas distintas. Não damos o passo final sem falar um com o outro.
E damo-nos bem assim, e esperamos continuar.
A nossa filosofia de trabalho é mantermo-nos fiéis àquilo que somos desde o início.
JI – Têm algum ritual antes de entrar em palco?
Anjos – Há um momento em que nos abraçamos uns aos outros, músicos, técnicos e nós, e damos um grito de guerra, e isto é importante. O concerto não começa sem aquele momento.
No fim nós os dois temos sempre um abraço final de energia.
JI – Que mensagem gostariam de deixar aos vossos fãs?
Anjos – Acima de tudo, quando ouvirem este último álbum “Alma”, sintam uma mensagem de esperança, e levem a vida de uma forma positiva, porque todos nós temos objectivos na vida, e passa por nós, conseguir atingir esses objectivos, e ter força de viver. Por isso queremos passar essa força para todas as pessoas.
Autor: Sandra Adonis