Entrevista com Ville Valo, vocalista dos HIM

Entrevista com Ville Valo, vocalista dos HIMINSIDE – Fale-me da essência deste novo álbum “

Ville Valo : Este último Verão, quisemos trabalhar com um homem que se chama Tim Palmer, que é um inglês que já trabalhou com Ozzy Osbourne, U2, Robert Plant, David Bowie e muitos outros artistas que todos admiramos. Ele vive em Los Angeles há 10 anos, e nós pedimos-lhe para ele descobrir uma casa que fosse maravilhosa e que pudéssemos arrendar, para gravar o nosso novo trabalho, porque nós nunca gravámos na América, e quisemos fazer algo de diferente, e ensaiámos as músicas durante uns meses. Quisemos criar algum espaço no estúdio em que pudéssemos ser criativos, e assim mudámo-nos para lá, e durante 2 meses vivemos juntos, víamos televisão juntos, e gravámos o álbum, e depois voámos até Nova Iorque, e gravámos num estúdio que se chama Electric Lady, onde Jimmy Hendrix gravou muitos dos clássicos e esta é a parte oficial da história (risos).
Antes de começarmos a gravar, eu tinha umas quantas baladas, e achámos que queríamos fazer umas músicas mais rápidas, verdadeiro rock, e fazer uma combinação de tudo o que já tínhamos feito. E basicamente foi isso que aconteceu.

INSIDE: Quais são as grandes diferenças, deste álbum “Dark Light”, em relação aos outros?

Ville Valo: A produção deste álbum foi bastante mais detalhada e mais doce também.
Eu queria ser bem mais directo neste trabalho, mais do que nos outros trabalhos anteriores. Não cair em coisas meio kitch, mas ao mesmo tempo ter algum sentimentalismo, alguma melancolia. É esta a grande diferença.

INSIDE – “Rip Out The Wings of the Butterfly”, fala, acerca de quê?

Ville Valo: Um dia li acerca de antigo mito que dizia que almas imortais, ou almas que vivem para sempre, têm asas de borboleta. Para ser franco já não me lembro onde li esta história, mas o que tirei deste ideia é: será que estás disposto a destruir algo bonito para espiritualmente passares a outro nível?, do género deitar todas as pontes abaixo, ou deixar algo para trás?, ou tornares-te uma pessoa melhor para que uma relação resulte?
Muitas vezes é preciso destruir algo, para construir algo de muito melhor.

INSIDE: Já não é a vossa primeira vez em Portugal. O que pensa do nosso país?

Ville Valo: Já cá estivemos algumas vezes e fizemos alguns concertos.
Demos alguns concertos no Porto, em Braga, e esta é a nossa 6ª vez em Lisboa.
O público Português é bastante exigente, é mesmo o que eu penso. Gosta do verdadeiro rock puro e cru, o que é muito bom.
O Público Português sempre nos recebeu muito bem, e fez-nos sempre dar o nosso melhor.

INSIDE: Este álbum foi editado através de uma nova editora. Porquê a necessidade de mudar?

Ville Valo: Em 1996, fizemos uma compilação através da editora BMG, na Finlândia.
Durante estes anos tudo correu maravilhosamente na Europa, mas a BMG no Japão, Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, eles nunca editaram um álbum nosso no mercado.
Com esta situação, metade do mundo não sabia que nós éramos.
Então resolvemos procurar uma editora que gostasse de expandir, o trabalho dos seus artistas no mundo inteiro, e pela primeira vez poder fazer uma tour na América.
Depois de termos feito concertos no Sul da Europa, temos concertos agendados no Japão, e na Austrália, onde nunca estivemos e estamos bastante entusiasmados por conhecer.
Esta foi a grande razão para a saída, para poder expandir o trabalho para todo o lado

INSIDE: O que é que sente quando entra no palco, tem de actuar e estão dezenas, centenas de pessoas para o ver actuar?

Ville Valo: Eu espero sempre que os concertos sejam o melhor possível.
A luz e os efeitos especiais têm sido melhorados para que as pessoas possam tirar o melhor partido da nossa música.
Eu nunca espero algo específico da minha audiência, esperar algo não é uma coisa boa. Eu tenho é fé nas coisas. Eu tenho sempre muita fé nos concertos.
Adoro cantar no Coliseu, apesar de não ter uma acústica fácil. É sempre um prazer cantar para o público Português. Espero sempre que as pessoas batam palmas, cantem as músicas, e que eu faça o mesmo. É uma celebração mútua da música.

INSIDE: Acerca da capa do álbum. Parece-me um pouco idílica, usam um edifício, onde fica?

Ville Valo: Este edifício é uma combinação de uma data de coisas.
Eu conheci o Matt Taylor que está habituado a fazer as fotografias e as montagens para os cartazes dos cinemas.
Eu quis algo totalmente diferente, até o papel da capa é diferente. Queria algo que fosse parecido com um cartaz de cinema, como por exemplo o cartaz do filme “O dia depois de amanhã”, do género, apocalíptico, a também do género do filme “Batman”, com algumas Ficção Científica., e também um pouco do “Dark City”.
Penso que tem a ver com a ideia de que “nada é tão bom como parece”, ou “tão mau como parece”. O importante é encontrar o equilíbrio. A vida não é estarmos sempre alegres, ou estarmos sempre tristes, o tempo todo. É necessário ser emocionalmente rico, porque chorar é bonito às vezes, e estar estupidamente alegre por vezes, pode ser completamente fantástico.
O que é importante é encontrar o equilíbrio das emoções e da própria música.

INSIDE: Que mensagem gostaria de deixar aos seus fãs?

Ville Valo: Gostaria de desejar que todos se portem bem, que sejam bons para os seus pais, que todos se eduquem, e mantenham os amigos perto e mantenham-se em alerta em relação aos inimigos.
Sejam vocês mesmos.

Autor: Sandra Adonis