MADREDEUS E A BANDA CÓSMICA

METAFONIA

Os Madredeus estão de volta. Ou o que resta deles. Sem Teresa Salgueiro, mas com uma banda cósmica. Uma ruptura clara com as sonoridades a que nos habituámos.

Especialmente depois do álbum “Faluas do Tejo”, em que a sonoridade do Fado parecia estar a intricar-se cada vez mais na música tradicional Portuguesa que os Madredeus tão garbosamente praticavam. O acordeão já houvera desaparecido. Os timbres eram pautados por delicadas cordas acústicas e sons etéreos. Tudo isso se foi.

Agora surge-nos um trabalho na qual a electrónica tem direito a entrar com protagonismo na guitarra e no baixo. Junte-se uma harpa. Mas sobretudo juntem-se violinos. Muito violino. E de repente parece que estamos num universo de Yann Tiersen ou Rogrigo Leão. As vozes não destoam muito, mesmo assim. A sua colocação ainda relembra a Teresa, embora destituídas do misticismo que a acompanhava.

A duração do opus é outra mais-valia: robusta. Acompanha-nos e solidifica-se em nós. Não mais um efémero tom que se esvanece no marketing e na sociedade de consumo desenfreada.

Depois, é só deleitarmo-nos por uma viagem por uma banda sonora de cores e sabores interculturais. Brasil e África aparecem-nos a espaços e a tempos. A banda é mesmo cósmica e os Madredeus bem Portugueses, esses, já não existem.

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Autor: Tiago Videira