MARIZA – TERRA

O Novo disco de Mariza é o mais internacional de sempre, tendo em consideração as sonoridades. O Fado já não é o que era.

Mariza, a já muito proclamada sucessora de Amália, parece querer trilhar um caminho muito próprio nos meandros do fado. Impôs a sua imagem invulgar e conseguiu fazer brilhar a sua voz. Agora, está na altura de vincar um cunho novo de cidadã das raízes.

As raízes Africanas, que têm passeado em cheirinhos nos álbuns anteriores, aqui vieram para ficar. Percussões interessantes, mas nada típicas dos fados puristas, explodem em praticamente todas as faixas. Duetos com Tito Paris (“Beijo de Saudade”) e Concha Buika (“Pequenas Verdades”) ajudam à festa.

Mas não ficamos por aqui. O piano cada vez mais presente. E aí nasce um toque de jazz. Este disco está cravejado de Jazz-fado. Prova mais que evidente nas faixas “As Guitarras”, “Fronteira” e “Morada Aberta” (esta, uma interessante colaboração de Rui Veloso e Carlos Tê).

Claro que ainda há espaço para três recriações mais tradicionais. “Rosa Branca”, “Já me deixou” e “Alfama”, no entanto, são minorias. Vagas memórias do que já foi um fado. Decididamente a tradição já não é o que era e está definitivamente aberta uma ruptura para uma nova variante de fusão étnica.

Quanto mais não seja, por isso mesmo, um trabalho a ter em toda a atenção. Bem condizente com o ano do diálogo multicultural.

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Autor: Tiago Videira
Data: 07/07/08