NICORETTE

A dupla Nicorette, constituída por Sílvio Rosado (música) e Carla Lickfold (voz), formou-se há pouco mais de um ano, numa tarde quente de primavera em S.João do Estoril. No entanto há muito pairava no ar a ideia de iniciar um projecto, de inspiração retro mas preenchido por fórmulas e olhar contemporâneos, que reflectisse as influências da Carla, mais depressivas e obscuras (Joy Division, Bauhaus, Laurie Anderson e Brian Eno) e o espírito mais jazzistico do Sílvio (Miles Davies, Jonh Cale, Hermeto Pascoal).

O resultado traduz-se numa sonoridade próxima a um pop electrónico com temas que suportam quadros de algum intimismo como “Nana”, “Missing Daisy” ou “Windtalker” e outros que nos reportam para paisagens exóticas e cores quentes como ´”L Áfrique” e “Eyewitness”. Entre o equilíbrio e o caos surgiu Eternal Premiére, o primeiro tema desta dupla, gravado num Pentium 1 com um microfone das lojas dos trezentos. A partir daí o processo de composição passou a ser feito como se fosse um directo para uma rádio, espontâneo e sem encenação, onde tudo o que se improvisava era gravado directamente para o computador. O desafio de gravar um disco foi posto por Miguel Cardona que recentemente tinha criado uma nova editora, a LisbonCityRecords. O nome Nicorette pretende ter uma conotação Kitch, um francesismo piroso como Suzette ou bandulette, (e nada tem a ver com um certo remédio para deixar de fumar…). A banda encontra-se actualmente em fase de ensaios e prometemos para breve os primeiros concertos, talvez finais de Março, princípios de Abril.

O INSIDE falou com os Nicorette e aqui ficam as perguntas e as respostas da banda.

Como e quando surgiram os Nicorette?

A ideia de formarmos um projecto juntos pairava no ar há algum tempo mas o arranque foi difícil porque estavamos os dois envolvidos em mil e uma coisas. Por isso demorámos para encontrar o momento certo e por isso também o primeiro tema, Eternal Premiére, que depois deu nome ao album, se chama assim. Porque foi uma eterna estreia, algo por que ansiavamos mas que nunca conseguíamos concretizar. O Sílvio já me tinha ouvido entoar algumas melodias, por bricadeira. Gostou da minha voz e incentivou-me a cantar.Eu desde sempre fui uma espectadora atenta dos concertos do Silvio, gostava do lado dele mais experimental e por isso fiquei muito contente com o convite que me fez. E assim nascemos.

Qual é a história do nome da banda?

Queriamos algo que soasse a Kitch, um francesismo piroso que acabasse em ette, daí Nicorette.

Quais as influências da banda?

Da Carla: Sugar Cubes, Laurie Anderson, Brian Eno, Bauhaus, Joy Division, Morphine, Blondie, Lady Day…
Do Sílvio: Miles Davies, Jonh Cage, Phila Brazilia, Caetano Veloso, Hermeto Pascoal…
Enfim, gostamos de uma amalgama de coisas…

O som dos Nicorette é pouco usual no nosso país… existe alguma explicação?

É complicado responder a isso… Nós somos portugueses e achamos que a nossa música também é porque as nossas raízes estão lá incluídas, porque falamos daquilo que aprendemos aqui. Mas a nossa música além de ser portuguesa é também europeia e a Europa é um cojunto muito grande de culturas diversas agrupadas num espaço geográfico muito pequeno. Foi isso que quisemos fazer, mostrar que não estamos fechados em nós próprios mas voltados para o mundo.

Para quando os concertos ao vivo?

De momento estamos em fase de ensaios, porque este disco foi feito todo ao contrário, primeiro gravámos e agora é que vamos tocar… mas os concertos estão para breve, prometemos o primeiro para Março embora ainda sem local ou data marcada.

Autor: Orlando Azevedo