THE GIFT – EM DIRECTO DE ALCOBAÇA

Final de tarde, Bar Clinic em Alcobaça. Depois de filmados planos atrás de planos para o vídeo de “Driving You Slow”, de forma a colorir no futuro a prestação deste mesmo tema ao vivo, o Inside consegue estar à conversa com Nuno Gonçalves e Sónia Tavares, e assim sentir a actualidade, o pulsar de criatividade, e os objectivos próximos de uma banda que vai marcando o seu profundo espaço na música portuguesa.
Depois de revelada toda a harmonia e criatividade em “Vinyl”, e após a metamorfose electrónica e artística não menos brilhante em “Film”, vão-se ensaiando e construindo novos temas, para um futuro disco ainda sem horizonte definido. O sonho de êxito além fronteiras, é uma das fortes razão para o funcionamento da máquina criativa.

Inside – Já é possível adiantar algo sobre o novo álbum?
The Gift – O novo álbum ainda não existe, portanto é algo sobre o qual ainda não podemos falar. Estamos a fazer músicas novas, a ensaiá-las, são temas que farão parte do nosso concerto para a Antena3, e pode-se dizer que está bem encaminhado mas ainda não existe. Não temos qualquer tipo de pressão exterior que nos obrigue a lançar um álbum este ano, ou a seguir um determinado caminho. Estamos a fazer as coisas com calma, e o disco que nós lançarmos será o que nós queremos fazer, o mais verdadeiro dos três, aquele que tende cada vez mais para o verdadeiro som dos Gift, ou seja, o mais genuíno, com mais identidade. Esse é o principal objectivo.

I – Mas estes temas novos que já estão a ser feitos, são para esse novo disco? Não está ainda pensada a altura de lançamento?
G – À partida, alguns temas poderão fazer parte desse novo disco, mas tudo isso é uma coisa muito pensada, portanto pode acontecer que depois alguns temas não se insiram no conceito que idealizámos. Talvez por isso, este venha a ser o disco mais genuíno, é o que realmente queremos fazer. Não pensamos noutra coisa se não em função da vontade da própria banda. Estes temas mais recentes, se não forem para o novo álbum, podem sempre fazer parte de um Ep ou de um lado B…

I – Esta pode também ser uma forma de continuarem a tocar ao vivo, com coisas novas?
G – É sempre estimulante tocar coisas novas. As músicas novas, mesmo que sejam inferiores em termos de qualidade, e comparando com as mais antigas, dão-nos sempre mais vontade de tocar, por essa razão da novidade. Já nos últimos concertos do “Film”, tocávamos algumas músicas novas, em Espanha alguns concertos tiveram sete músicas novas, e o que está programado para este ano, como o Sonar, será praticamente feito por novos temas… Vejo um concerto como um momento dos Gift, uma forma de mostrar o actual momento da banda, o presente. Se um disco for lançado em Outubro, em Dezembro já não será o presente. O presente da banda é os concertos, o dia à dia, a melhor maneira de espelhar o momento de uma banda será tocar coisas novas, que é o que estamos a fazer.

I – Continuam a manter o conceito ou o vínculo, no vosso trabalho, da produção caseira?
G – Sim, caseira mas profissional. Temos o nosso estúdio e portanto não faz sentido irmos para outro lado. A edição de autor, à partida será também via La Folie, a editora dos Gift. Apenas temos de ter um apoio de distribuidora, que não temos em Portugal (“Film” – Universal). Mas fazemos questão é em realizar o melhor para os Gift, se for uma editora que não a La Folie, que seja. Tudo é ponderado.

I – Tinham também o objectivo, há cerca de dois anos, de lançar novos projectos através da La Folie…
G – Sim, mas foi logo posto de parte. Seis meses depois de começarmos a digressão do “Film” foi logo posto de parte, porque uma das coisas que nós criticamos nas editoras, é o facto de elas não darem o tempo devido às bandas que editam, e nós sentimos que podíamos cometer esse erro. Temos os Gift, que é algo em que nos interessa trabalhar, e nunca iríamos dar o tempo necessário a uma banda que viéssemos a editar. E por outra razão tínhamos de ter uma estrutura grande para trabalhar essas outras bandas, e neste momento não há capacidades de estrutura, de organigrama, de suporte a bandas novas que não os Gift. Daí o retirar dessa ideia.
O Clinic surge um pouco nesse sentido, não podemos editar uma banda, mas poderemos dar-lhes um palco. É uma óptima oportunidade para poderem vir aqui tocar, dentro de algum critério, de um selecção criteriosa mas que tem funcionado bem.

I – Como se sentem em termos de ambição, depois de dois discos, e alguns anos de carreira?
G – A ambição é sempre a mesma, que é chegar ao maior número de pessoas, e terá que passar obrigatóriamente para o estrangeiro, custe o que custar!

I – E já passaram por Espanha, América, Holanda….
G – Já passámos por muitas aventuras, muitos países, cerca de setenta concertos lá fora, mas ainda não conseguimos ter aquilo que queríamos, que é ter o disco distribuído. Quando isso acontecer poderemos tocar mais, fidelizar o público e ter mais espectadores para a nossa música. Neste momento o objectivo não foi atingido, mas vem aí uma nova etapa, um novo disco, e vamos ver…

I – Acham que é só mesmo isso que falta, o feedback é positivo?
G – Sim, os concertos têm corrido bem, temos sobretudo a convicção de que é preciso haver alguém no momento certo, na altura e com atitude certas, para encarar a música dos Gift como possível aposta. É uma pontinha de sorte que tem faltado, mas a sorte também se trabalha, e é isso que temos feito. O ano passado fizemos três digressões na América, de um mês cada, e foi porque sentimos que algo se poderia proporcionar. Mas depois chega aquela altura em que temos de voltar para casa e fazer um disco novo… Futuramente, se tivermos te ser emigrantes…sejamos!

I – E este vídeo de “Driving You Slow”, como surge a ideia de o fazer?
G – Faltava um vídeo desta música para os concertos, e o nosso técnico de vídeo teve esta ideia de um registo de várias caras, várias pessoas, como era para um tema alegre e bem disposto, poderia de facto ser interessante e funcionar… e pelo menos acho que foi divertido, foi uma tarde bem passada. Ás vezes é importante sentir a proximidade com as pessoas que gostam dos Gift.

I – Deste próximo concerto no Coliseu, o que podem esperar os Fans?
G – Não podem esperar muito porque serão quatro músicas (risos). Podemos adiantar que vamos ter um convidado de luxo, a Banda Filarmónica de Alcobaça. De inicio pensámos em convidar alguém para cantar em palco com os Gift, mas ninguém fazia sentido, e esta ideia foi aceite unânimemente, inclusive pela Antena3. O espectáculo é uma festa, logo será uma boa maneira, com a Banda, de abrir a festa de 10º aniversário da melhor rádio portuguesa! É importante estarmos presentes, e é importante darmos um toque diferente. Vai ser bonito!

I – Mensagem final para os fans…
G – Aguentem aí, porque apesar de estarmos de fora há algum tempo, não estamos de nenhuma maneira mortos. Estamos a trabalhar com a mesma força que tínhamos há dez anos atrás, quando começámos.

Pedro Vieira
Foto.
thegift.pt

Autor: Pedro Vieira