NOITE ESCURA

Perry Blake em palcos lisboetas no passado dia 20

Promovendo o seu novo álbum, o irlandês Perry Blake apresentou um discreto concerto no Santiago Alquimista, na passada sexta-feira, numa noite agradável mas longe de memorável.

Um dos cantores/compositores que tem visto o seu grupo de fãs aumentar entre nós foi a presença principal da noite da passada sexta-feira no Café-Teatro Santiago Alquimista, em Lisboa.

Perry Blake tem realizado alguns espectáculos para assinalar o lançamento do seu novo álbum de originais, “The Crying Room”, e do seu livro “These Pretty Love Songs”.
Frequentemente comparado a Leonard Cohen, Scott Walker, Nick Drake ou David Sylvian, Blake possui uma discografia vincada por sonoridades sóbrias e intimistas, proporcionando uma elegante pop de travo clássico.

O concerto do passado dia 20 comprovou a discrição e minimalismo das composições do músico irlandês, expondo canções tranquilas que não precisaram de mais do que uma agradável voz acompanhada apenas pelo piano, contrabaixo e guitarra acústica.
Entre relatos de amores desencontrados e demais inquietações urbano-depressivas, o crooner ofereceu uma série de momentos delicados e soturnos, unindo os universos da pop e da folk numa prestação eficaz, mas pouco vibrante.

Perry Blake movimenta-se com competência nos territórios musicais que escolheu, mas o concerto foi demasiado morno e monocórdio, raramente ultrapassando a fasquia da razoabilidade.
O alinhamento incluiu alguns temas interessantes, como “The Hunchback of San Francisco”, “Pretty Love Songs” ou uma versão de “Forbidden Colours”, um original de Ryuichi Sakamoto e David Sylvian, mas na globalidade foi excessivamente monótono, sisudo e homogéneo.

O cantor, com uma presença estática e tímida, esboçou alguns contactos com o público entre a interpretação das canções, contudo não exibiu um carisma especialmente marcante ou memorável que o tornem num mestre-de-cerimónias acima da média.

O público, atento e concentrado, aplaudiu consideravelmente o músico em várias ocasiões num espectáculo que não envergonhou ninguém mas que ficou, infelizmente, abaixo das expectativas.

A primeira parte esteve a cargo de Rui Gaio, que propôs um pouco estimulante rock alternativo cujo maior ponto de interesse foi uma inesperada cover de “Sweet Harmony”, dos Beloved.

Autor: Gonçalo Sá